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segunda-feira, 25 novembro, 2024
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Racha na esquerda latino-americana: Venezuela convoca embaixador no Brasil

Por Alexandre Gomes

A tensão entre a Venezuela e o Brasil se intensificou após o governo do ditador Nicolás Maduro convocar seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para consultas, em resposta ao que considera “grosserias” do governo brasileiro. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, 30, destaca as crescentes fraturas na esquerda latino-americana, especialmente sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva.

O descontentamento da Venezuela se baseia, em parte, na postura do assessor de assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, que o governo de Maduro acusou de ser um “mensageiro do imperialismo norte-americano.” O estopim para essa crise diplomática foi a negativa do Brasil em aceitar a entrada da Venezuela no grupo BRICS, durante a cúpula realizada em Kazan, Rússia, no dia 25.

Agressão e rompimento de confiança

O governo venezuelano considerou a rejeição como uma “agressão” e um “gesto hostil” contra o país, argumentando que a Venezuela havia recebido apoio dos participantes da cúpula para sua adesão ao bloco. O Brasil justificou sua decisão com um “rompimento de confiança” em relação ao governo de Maduro, uma consequência das eleições controversas realizadas na Venezuela em julho.

O Itamaraty, representado pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, optou por manter o veto que foi estabelecido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que excluiu a Venezuela do BRICS por um período prolongado. Essa escolha foi amplamente criticada pelo governo venezuelano, que a qualificou como “inexplicável e imoral”, intensificando a sensação de isolamento que Caracas sente no cenário diplomático.

O racha na esquerda

Esse incidente não apenas reflete a deterioração das relações entre Brasil e Venezuela, mas também destaca um racha crescente na esquerda latino-americana. O apoio que Maduro esperava da administração de Lula, que se considera parte de uma coalizão progressista, não se materializou, evidenciando divisões profundas dentro da própria ideologia da esquerda na região.

As reações do governo venezuelano e a convocação do embaixador podem sinalizar uma nova era de hostilidade diplomática, afastando ainda mais a possibilidade de um alinhamento entre os dois países. Enquanto Lula busca um papel de liderança na integração regional, a resposta de Maduro sugere que nem todos estão dispostos a segui-lo nessa jornada.

A situação atual é uma clara demonstração de que, apesar das aspirações de uma unidade de esquerda na América Latina, as realidades políticas e as rivalidades históricas ainda têm um papel significativo nas relações internacionais da região. Essa crise pode não apenas dificultar as relações bilaterais entre Brasil e Venezuela, mas também impactar a dinâmica política em toda a América Latina, evidenciando a fragilidade das alianças entre líderes de esquerda.

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