Integrantes de fundos de pensão de empresas estatais, como Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal), lançaram um manifesto condenando a suposta ingerência política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na gestão dessas instituições, aponta o Estadão.
No documento, os participantes, em grande parte aposentados e funcionários públicos, expressam uma crescente insatisfação com a influência política que, segundo eles, compromete a segurança financeira dos beneficiários e desvirtua os objetivos das entidades de previdência complementar.
O manifesto destaca o temor de que o governo Lula esteja usando os fundos de pensão como um mecanismo para atender a interesses políticos e partidários, desconsiderando o princípio da governança independente e da gestão técnica, elementos essenciais para assegurar a viabilidade financeira a longo prazo dessas instituições.
A insatisfação se baseia na percepção de que a interferência política estaria aumentando, pondo em risco o patrimônio acumulado e gerando prejuízos para milhões de trabalhadores que dependem desses fundos para suas aposentadorias.
Os integrantes dos fundos argumentam que a prática de nomeações políticas para cargos de gestão e conselhos de administração tem sido uma ameaça constante, colocando os interesses dos partidos e das agendas governamentais acima das necessidades dos participantes e do mercado. Segundo o grupo, a administração de um fundo de pensão exige alta competência técnica e autonomia para tomar decisões baseadas em critérios de rentabilidade e segurança financeira — princípios que, afirmam, têm sido ignorados pela gestão atual.
Ainda, o manifesto faz referência a prejuízos anteriores acumulados em alguns desses fundos e atribui parte das dificuldades financeiras a gestões passadas, quando houve forte influência política, especialmente em governos petistas. A Petros, por exemplo, enfrentou enormes dificuldades nos últimos anos, com déficits bilionários, os quais muitos atribuem a investimentos em projetos pouco rentáveis, supostamente apoiados por interesses de lideranças políticas. Para os signatários, o retorno dessa prática sob o governo de Lula representa uma ameaça direta à saúde financeira dos fundos e ao futuro dos beneficiários.
O manifesto enfatiza que os fundos de pensão, por serem instituições que administram recursos de milhares de trabalhadores, precisam de uma administração isenta e responsável, distante de agendas políticas. Segundo o documento, os fundos têm o dever de maximizar os rendimentos e proporcionar uma aposentadoria digna para seus beneficiários, objetivo que é comprometido pela interferência do governo.
Os signatários cobram um posicionamento do governo em defesa da autonomia e da integridade dos fundos e ressaltam que não aceitarão uma gestão que priorize interesses políticos em detrimento da segurança de suas aposentadorias. Para eles, as experiências passadas já comprovaram o risco que a ingerência política representa para a sustentabilidade desses fundos, e o manifesto se posiciona como um alerta e um pedido de respeito à governança corporativa independente e responsável.
Até o momento, o governo Lula não se pronunciou oficialmente sobre o manifesto, mas a polêmica reacende um debate que vem de longa data no Brasil: a interferência do Estado nos fundos de pensão públicos, algo que críticos afirmam ser uma tentativa de utilizar recursos dos trabalhadores em agendas políticas, com graves consequências para a saúde financeira das entidades.