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quinta-feira, 24 outubro, 2024
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Boulos contraria estatuto do PSOL e recebe doações de herdeiros de bancos

Por Alexandre Gomes

Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, arrecadou R$ 668 mil em doações de pessoas físicas para sua campanha de 2024. No entanto, 90% desse valor — R$ 600 mil — veio de quatro herdeiras de instituições bancárias, o que contraria diretamente o estatuto do PSOL, que proíbe contribuições financeiras, direta ou indiretamente, de bancos ou instituições financeiras.

Contradição Ideológica

O PSOL, desde sua fundação, tem um posicionamento claro contra o financiamento de campanha por grandes empresas, especialmente bancos, que são vistos como símbolos da concentração de poder econômico e opressão financeira. O artigo 71 do estatuto do partido é explícito ao afirmar que não serão aceitas doações provenientes de bancos, empreiteiras ou multinacionais. Assim, ao aceitar essas contribuições, Boulos desafia a própria essência do partido que ele representa, criando uma incoerência entre seu discurso e suas ações.

Detalhes das Doações

Boulos recebeu R$ 550 mil de três irmãs da família Moreau, herdeiras do extinto Banco da Bahia, que se uniu ao Banco da Bahia Investimentos, atualmente parte do Bocom BBM. Daniela Moreau, historiadora, doou R$ 300 mil, enquanto Mariana Moreau, conhecida como Zaba, contribuiu com R$ 200 mil e Gisela Moreau doou R$ 50 mil. A campanha também recebeu R$ 50 mil de Beatriz Bracher, filha do fundador do banco BBA Creditanstalt.

Essas contribuições, embora permitidas pela legislação eleitoral, contrariam claramente os princípios que o PSOL defende. O partido sempre se posicionou contra o poder desproporcional de grandes corporações e sua influência nas campanhas políticas, especialmente em um cenário onde figuras progressistas criticam a hegemonia dos bancos e sua relação com a desigualdade social.

Resposta

Em resposta às críticas, a campanha de Boulos alegou que “as doações de pessoas físicas são bem-vindas, legítimas e uma iniciativa pessoal de apoiadores que se identificam com o projeto de mudança para São Paulo”. No entanto, essa justificativa soa como um desvio do compromisso com a base militante do PSOL, que espera coerência com os valores do partido. Receber quantias tão significativas de herdeiras de bancos é, na prática, um ato que contradiz o discurso de independência financeira e combate aos interesses do grande capital que o PSOL sempre pregou.

Esse episódio pode prejudicar a credibilidade de Boulos entre eleitores mais radicais e fiéis ao ideário do PSOL, que esperam que o partido mantenha suas bandeiras intactas. A aceitação de doações desse tipo pode ser vista como uma concessão aos mesmos interesses que o PSOL critica, o que pode alienar uma parte significativa de sua base de apoio. Para um partido que se orgulha de lutar contra a influência do grande capital, esse comportamento levanta sérias dúvidas sobre até que ponto Boulos e sua campanha estão dispostos a manter suas promessas ideológicas.

Enquanto Boulos lidera as arrecadações de campanha, com um total de R$ 81,2 milhões — impulsionado por R$ 44,1 milhões do PT e R$ 36 milhões do PSOL —, esse incidente pode enfraquecer sua imagem como uma alternativa genuína à política tradicional e ao sistema financeiro que ele tanto critica.

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