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sexta-feira, 25 outubro, 2024
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Governo vive crise de confiança na economia e aumenta incerteza entre investidores, afirma Estadão

Por Alexandre Gomes

O governo federal vive uma crise de confiança na economia, que, embora ainda não tenha afetado a vida real de forma generalizada, já se reflete de maneira preocupante nos indicadores financeiros. A falta de direção clara nas reformas econômicas e a incerteza sobre o futuro das contas públicas alimentam um ambiente de desconfiança entre investidores, que exigem taxas de juros cada vez mais elevadas para financiar a dívida pública, afirma o editorial do Estadão.

Juros altos e finanças públicas em alerta

O principal indicador dessa crise é o aumento dos juros reais pagos pelo governo, que já ultrapassam 7%, mesmo após descontada a inflação. Esse patamar sinaliza um alerta grave sobre a sustentabilidade das finanças públicas, desafiando o recente aumento do rating de crédito do Brasil pela agência Moody’s. O mercado, ao ignorar a melhora da classificação de risco, continua cobrando juros altos, refletindo a percepção de que as contas públicas permanecem vulneráveis.

Embora o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha revisado positivamente as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, essa boa notícia vem acompanhada de preocupações. A dívida pública continua a crescer em ritmo acelerado, e há incerteza sobre o que acontecerá com os indicadores fiscais quando o crescimento econômico desacelerar.

Déficit Primário e a falta de Superávit

O déficit primário do governo deve ser menor este ano em comparação com o ano passado, mas os investidores continuam questionando quando o país voltará a registrar superávit. Sem uma resposta clara, a incerteza persiste, o que aumenta os riscos econômicos no curto e médio prazo.

A situação se agrava porque os dois principais responsáveis pela economia, o ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet, não possuem a confiança irrestrita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O apoio de Lula às reformas econômicas é parcial e condicionado, gerando instabilidade. As declarações ambíguas do presidente, muitas vezes reforçando teses que questionam as bases da política macroeconômica tradicional, aumentam a percepção de risco no mercado.

Lula e a visão econômica do PT

Um dos problemas centrais é a visão econômica defendida por Lula e pelo PT. O partido e o presidente frequentemente apontam a Operação Lava Jato como a principal responsável pela crise enfrentada durante o governo Dilma Rousseff, um argumento que desvia a atenção dos erros de política econômica que, na verdade, precipitaram a maior recessão da história do Brasil.

Essa abordagem, aliada à tentativa de usar fundos públicos para impulsionar a economia, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, torna o acompanhamento das contas públicas mais complexo. Quando o governo turbina esses fundos, ele cria um “orçamento paralelo”, cujas consequências são imprevisíveis, especialmente em casos de inadimplência nos créditos concedidos. Esse movimento ainda enfraquece o poder do Banco Central, que vê sua política monetária perder eficácia, resultando em uma Selic mais alta por mais tempo.

Incerteza continua a assombrar a economia

Se Lula quisesse, poderia rapidamente dissipar parte dessa desconfiança ao dar um apoio inequívoco a Haddad e às reformas necessárias. Contudo, não há sinais de que o presidente esteja disposto a tomar esse caminho. Enquanto isso, o Brasil seguirá convivendo com a incerteza econômica, refletida no câmbio, nos juros elevados e no risco de aumento da inflação, ameaçando desacelerar a economia mais à frente.

A falta de uma direção clara no ajuste fiscal e o uso irresponsável de recursos públicos para fomentar crescimento a curto prazo estão agravando a crise de confiança. Caso não sejam adotadas medidas firmes e coordenadas para reverter essa tendência, o país poderá enfrentar uma crise econômica mais profunda no futuro.

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