As contas das empresas estatais federais brasileiras estão prestes a fechar 2024 com o maior déficit em 15 anos, levantando sérias preocupações sobre a saúde fiscal do país e a credibilidade do atual governo. Esse rombo, estimado em R$ 3,7 bilhões, deve ser o maior desde 2009, evidenciando o descontrole nas contas públicas em um momento em que a gestão Lula clama por urgência na revisão de gastos.
Com mais de 100 empresas estatais atuando em setores cruciais, como infraestrutura, telecomunicações e agropecuária, o impacto de suas contas no desempenho fiscal do Brasil é significativo. De janeiro a agosto de 2024, o déficit já alcançou R$ 3,3 bilhões, sinalizando uma deterioração que não se via há mais de uma década. Em 2009, o déficit totalizou R$ 3,8 bilhões, mas desde então, a recuperação financeira das estatais havia sido assegurada por aportes significativos do governo, especialmente durante as gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Resultados em queda e aumento dos déficits
O governo Lula, por sua vez, não só enfrenta um retorno a números negativos como também apresenta déficits alarmantes em várias estatais. A Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), os Correios, a Emgea, a Infraero e a Dataprev são algumas das empresas que mais contribuem para esse quadro preocupante.
Os números são alarmantes. Em 2023, o resultado já era negativo em R$ 700 milhões, e as projeções para 2024 não trazem otimismo. Especialistas apontam que a falta de controle e a crescente necessidade de aportes para as estatais podem colocar em risco não apenas a saúde financeira das empresas, mas também a própria economia do país.
O peso do déficit para a população
O economista Claudio Frischtak destaca que esse déficit é um ônus que recai sobre todos os cidadãos brasileiros. “Basicamente, esse déficit alguém tem que pagar, e quem vai pagar somos nós, evidentemente. O governo não produz dinheiro, e isso fragiliza ainda mais a situação fiscal do país”, afirma. O impacto disso é claro: juros mais altos, câmbio mais estressado e uma piora geral no risco-país.
Além disso, o governo Lula enfrenta um dilema: a urgência em revisar gastos e a necessidade de aumentar investimentos nas estatais. O economista Gabriel Barros alerta que a reversão de superávit para déficit amplifica a percepção de risco no mercado e pode piorar a trajetória das contas públicas.
Algumas estatais, como a Emgepron e os Correios, tentam minimizar a gravidade do déficit, afirmando que se trata de investimentos estratégicos. A Emgepron, por exemplo, justificou o déficit com gastos voltados para a construção de navios para a Marinha, enquanto os Correios alegaram que o déficit é um legado do governo anterior. No entanto, essa justificativa não alivia a preocupação com o futuro fiscal.
Diante do cenário de descontrole fiscal e déficits crescentes, é essencial que o governo Lula adote uma postura mais responsável em relação às contas das estatais. A falta de transparência e planejamento pode comprometer não apenas a credibilidade do governo, mas também a estabilidade econômica do Brasil. A revisão urgente de gastos deve ser uma prioridade, não apenas uma retórica, para evitar que a crise fiscal se agrave ainda mais nos próximos anos. A população brasileira merece uma gestão financeira sólida e responsável que garanta o futuro econômico do país.