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terça-feira, 22 outubro, 2024
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Mais de 12 mil venezuelanos cruzaram fronteira após vitória contestada de Maduro, mostra Estadão

Por Alexandre Gomes

Após a reeleição de Nicolás Maduro, contestada por acusações de fraude, mais de 12,3 mil venezuelanos cruzaram a fronteira para o Brasil em agosto, intensificando o fluxo migratório no Estado de Roraima. O número representa um aumento de 34% em relação ao mês anterior, quando cerca de 9,1 mil venezuelanos entraram no país, conforme dados da Polícia Federal e da ONU.

A cidade de Pacaraima (RR), principal ponto de entrada, é o local onde essa crise migratória se torna mais visível, com os serviços públicos sobrecarregados. Embora autoridades brasileiras apontem que o aumento no número de imigrantes também tenha relação com o fim do calendário escolar na Venezuela, a crise política e humanitária continua a ser um fator relevante.

Pressão sobre serviços em Roraima

A cidade de Boa Vista, capital de Roraima, também sofre com o impacto da imigração. Imigrantes lotam calçadas e muitos recusam os abrigos oferecidos pela Operação Acolhida, uma iniciativa criada para amenizar o caos provocado pela chegada em massa de estrangeiros. Até setembro de 2024, cerca de 140 mil venezuelanos foram interiorizados para mais de mil cidades brasileiras, como São Paulo, Curitiba e Manaus. Em 2024, o custo dessa operação deve ultrapassar R$ 305 milhões.

Apesar da assistência oferecida pela operação, incluindo abrigo, documentos e refeições, a convivência entre brasileiros e venezuelanos muitas vezes é tensa. Em Boa Vista, relatos de xenofobia aumentam, com brasileiros acusando imigrantes de preferirem viver do assistencialismo ou pequenos delitos. No entanto, a situação é mais complexa, pois muitos venezuelanos enfrentam extrema vulnerabilidade, como analfabetismo e problemas de saúde, sem acesso a trabalho ou recursos básicos.

Reações dos imigrantes

O fluxo de imigrantes inclui casos como o de Rosa Maria Medina, de 23 anos, que fugiu da Venezuela com o filho de 4 anos após participar de atos contra Maduro. Em busca de uma vida melhor, ela pretende ir para Cascavel (PR), onde seu companheiro já está inserido no mercado de trabalho. “Quero viver em um país livre”, disse ela, referindo-se às condições adversas de sua vida sob o regime de Maduro.

Outro exemplo é a família de Elieser Parucho, que junto com a esposa e o filho, de 3 anos, tenta regularizar sua situação no Brasil. Eles se preparam para se mudar para Corumbá (MS), com a ajuda de familiares já estabelecidos no país.

Desafios de Saúde e Serviços Públicos

A alta demanda por serviços de saúde é outro desafio. Em Pacaraima, a maioria dos pacientes atendidos no posto de saúde local é de venezuelanos, chegando a representar 90% dos atendimentos. As filas começam a se formar ainda de madrugada, com pessoas vindas da Venezuela em busca de cuidados médicos e vacinas, muitas vezes ultrapassando as capacidades dos serviços locais.

A situação crítica se reflete em histórias como a da indígena macuxi Valdemícia Andrade, que precisou viajar por quase quatro horas para vacinar sua filha recém-nascida em Pacaraima, já que as vacinas não chegaram a tempo em sua comunidade na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

O Futuro da Operação Acolhida

A Operação Acolhida, que já interiorizou milhares de venezuelanos para outras regiões do Brasil, continua sendo uma peça-chave na tentativa de lidar com a crise migratória. No entanto, o crescente número de imigrantes, aliado à persistente crise política e econômica na Venezuela, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da operação e a capacidade do Brasil de continuar absorvendo esse fluxo migratório em longo prazo.

Enquanto o governo brasileiro trabalha para amenizar os impactos imediatos, o fluxo contínuo de venezuelanos ilustra a gravidade da situação no país vizinho e os desafios humanitários enfrentados na fronteira entre Brasil e Venezuela.

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