O Governo Lula impôs sigilo sobre a lista de passageiros de um voo presidencial que fez uma parada de apenas dez minutos em São Paulo ao retornar de uma viagem ao Chile, em agosto.
Essa decisão, que levanta questões sobre a transparência do atual governo, ocorre em um contexto de promessas eleitorais não cumpridas, especialmente no que se refere ao compromisso com a transparência e a gestão pública.
A parada em São Paulo, que não se justificaria em um voo oficial de curto tempo como esse — que normalmente exige escalas operacionais de pelo menos uma hora —, gera especulações sobre as verdadeiras razões por trás dessa interrupção. A primeira-dama, Janja da Silva, que não acompanhou Lula em sua viagem oficial ao Chile, estava em São Paulo durante esse período, levando a crer que a escala pode ter sido uma oportunidade para uma carona.
A negativa do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em fornecer a lista de passageiros à Folha de São Paulo, feita por meio da Lei de Acesso à Informação, é ainda mais preocupante. A justificativa utilizada, que se baseia no primeiro nível de sigilo da legislação, alega que a divulgação poderia comprometer a segurança de instituições e autoridades. No entanto, essa decisão contraria a expectativa pública de que o governo deveria ser mais aberto e responsável, especialmente após os discursos de Lula durante sua campanha, que prometiam um governo mais transparente e acessível.
A falta de esclarecimentos por parte do Planalto sobre o sigilo e o motivo da parada em São Paulo evidencia uma contradição nas promessas de Lula de ser um líder que preza pela ética e pela transparência. Sua administração não está apenas desapontando os cidadãos que acreditaram nessas promessas, mas também alimentando a desconfiança sobre suas ações e decisões.
Além disso, Lula viajou ao Chile com uma comitiva de 14 ministros e assessores, participando de compromissos oficiais, incluindo uma reunião bilateral com o presidente chileno, Gabriel Boric. A escolha de fazer uma escala tão breve, sem justificativas claras, contradiz a expectativa de uma gestão que deveria priorizar a clareza e a responsabilidade em suas operações.
A impressão que fica é que, enquanto o governo promove discursos de integridade e transparência, suas ações estão cada vez mais distantes desses ideais. Com promessas não cumpridas e um aumento na opacidade em torno das decisões administrativas, o governo Lula parece estar se afastando do compromisso com a ética que tanto almejou na campanha eleitoral. O que se espera agora é que os cidadãos possam exigir mais clareza e responsabilidade de um governo que se propôs a ser diferente.