O caso envolvendo o laboratório PCS Lab Saleme, responsável por testes em órgãos para transplantes no Rio de Janeiro, traz à tona uma série de erros que se acumulam há mais de uma década, conforme informação da Revista Oeste. Embora recentemente tenha ganhado notoriedade após o escândalo de contaminação de seis pacientes com HIV por meio de transplantes, o laboratório já era alvo de diversos processos judiciais por falhas em exames de saúde. Entre os erros estão diagnósticos equivocados de gravidez, fator RH, colesterol e até mesmo falsos positivos para HIV.
A trajetória do laboratório revela um padrão preocupante de negligência que, surpreendentemente, só resultou em uma interdição depois do caso dos transplantes. As queixas contra o PCS Lab remontam a mais de dez anos, com relatos de pacientes que sofreram por diagnósticos errados ou trocados. Um exemplo marcante é o caso de uma mulher que, em 2010, recebeu um diagnóstico falso positivo de HIV, uma experiência traumática que só foi corrigida dois meses depois. Em outro caso, uma paciente comemorou um teste positivo de gravidez que, posteriormente, foi informado como erro — uma situação que poderia ter gerado consequências sérias, caso não fosse reavaliada por meio de uma ultrassonografia que confirmou a gestação.
Esses erros frequentes indicam uma grave falha no controle de qualidade e no cumprimento de protocolos médicos por parte do laboratório. Ainda assim, as sanções jurídicas impostas ao PCS Lab Saleme têm sido relativamente brandas, como no caso da mulher que recebeu apenas R$ 3 mil em compensação por um diagnóstico incorreto de câncer causado por HPV em 2017.
O ponto culminante, no entanto, veio com o escândalo dos transplantes de órgãos contaminados com HIV, uma situação que atingiu o auge da irresponsabilidade. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde já iniciaram investigações para entender como essas falhas puderam ocorrer e como prevenir novos casos no futuro. A interdição do laboratório e a assistência oferecida aos pacientes afetados são passos importantes, mas tardios, dados os danos irreversíveis causados.
Outro ponto que gera questionamento é o fato de dois sócios do laboratório serem parentes do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ). Embora ele tenha negado qualquer envolvimento na escolha do laboratório, a proximidade política não deixa de levantar suspeitas sobre possíveis influências. Neste contexto, o caso não se restringe a um problema de saúde pública, mas expõe fragilidades institucionais que permitiram que um laboratório com um histórico repleto de erros continuasse operando.
A situação do PCS Lab Saleme é emblemática das consequências trágicas que podem ocorrer quando falhas na regulação e supervisão de laboratórios médicos são deixadas de lado. Mais do que nunca, o caso ressalta a necessidade de maior rigor na fiscalização dos serviços de saúde e maior responsabilização para evitar que negligências desse tipo voltem a se repetir.