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segunda-feira, 25 novembro, 2024
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Só a recuperação do mercado de ações não será suficiente para reanimar a China, afirma The Economist

Por Alexandre Gomes

Após um período de 18 meses marcados por deflação e um declínio no sentimento econômico, os formuladores de políticas da China finalmente começaram a agir. A série de medidas econômicas anunciadas recentemente, incluindo cortes nas taxas de juros e iniciativas para estimular o mercado imobiliário e de ações, marca uma virada no comportamento das autoridades, que vinham sendo cautelosas com estímulos mais robustos.

Os mercados reagiram positivamente a essas medidas, com as ações de Hong Kong subindo mais de 6% logo após a reabertura do mercado em outubro. Esse otimismo se estendeu por vários dias, acumulando uma alta de 20% em um curto espaço de tempo. No entanto, analistas afirmam que, apesar desse alívio temporário, a China precisará de um esforço muito maior para superar sua armadilha deflacionária e reativar seu crescimento econômico de forma sustentável.

O ponto de inflexão veio em setembro, quando o Banco Popular da China (PBOC) adotou uma postura mais ativa, reduzindo as exigências de reservas bancárias, cortando o custo das hipotecas e criando novas ferramentas para impulsionar o mercado de ações. Além disso, o Partido Comunista da China prometeu intensificar seus esforços para conter a queda no mercado imobiliário e dar um impulso mais vigoroso à economia.

Espera-se que o governo central tome emprestado cerca de 2 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 1,5 trilhão), metade dos quais será destinada a ajudar as autoridades locais com suas dívidas, e a outra metade, para apoiar os consumidores, incluindo famílias com mais de um filho.

Escala insuficiente e desafios

Embora essas medidas representem um avanço significativo na formulação de políticas econômicas chinesas, muitos economistas acreditam que os esforços ainda estão aquém do necessário. Para reavivar o crescimento econômico e combater a deflação, estima-se que a China precisaria de um estímulo de 7 a 10 trilhões de yuans (R$ 5,44 trilhões a R$ 7,78 trilhões), ou cerca de 2,5% a 4% do PIB, distribuído ao longo de dois anos.

Além disso, a queda no mercado imobiliário é um obstáculo importante que precisa ser abordado com maior clareza e força. Para restaurar a confiança nesse setor, o governo central pode precisar garantir a entrega de propriedades que foram pré-vendidas, mas ainda estão inacabadas, além de resolver a questão dos apartamentos concluídos, mas não vendidos. Embora haja planos para que empresas estatais comprem esses imóveis e os convertam em habitações econômicas, o governo não parece estar investindo recursos suficientes para que isso aconteça em larga escala.

Impacto global do estímulo chinês

Um estímulo suficientemente amplo poderia não apenas reanimar a economia doméstica da China, mas também ter efeitos globais. Durante a crise financeira global de 2008, o grande pacote de estímulos da China, focado em infraestrutura, impulsionou a demanda por commodities e beneficiou os mercados internacionais. No entanto, se o novo pacote for mais voltado para os consumidores, seu impacto será diferente.

Dessa vez, a demanda por produtos manufaturados pode aumentar dentro da própria China, o que pode reduzir as exportações para mercados estrangeiros, criando um novo equilíbrio no comércio global. Esse movimento poderia aliviar a pressão sobre rivais econômicos da China, que frequentemente competem com os produtos manufaturados chineses no mercado internacional.

Apesar das incertezas, um estímulo bem estruturado e de escala suficiente pode oferecer à China uma chance de sair de seu marasmo econômico e recuperar seu ímpeto de crescimento, enquanto altera sutilmente as dinâmicas do comércio global.

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