Funcionários do Tesouro Nacional protestaram com narizes de palhaço durante a apresentação dos dados do resultado primário do governo federal. A manifestação teve como objetivo chamar a atenção para a falta de acordo sobre o reajuste salarial, que segundo a categoria não atende às suas demandas e não considera os avanços de outros órgãos, como a Receita Federal. A greve dos servidores públicos já dura mais de um mês e interrompeu a venda de títulos públicos pela segunda semana consecutiva.
Os auditores e técnicos federais de finanças e controle exigem a reabertura das negociações para um aumento salarial que iguale os ganhos obtidos por outras carreiras, como os da Polícia Federal, TCU (Tribunal de Contas da União) e Receita Federal. O governo federal havia proposto um reajuste de 23% para auditores em duas parcelas, uma em janeiro de 2025 e outra em abril de 2026, e de 24% para técnicos no mesmo período. No entanto, a categoria rejeitou as ofertas, defendendo a manutenção da tabela de progressão remuneratória com 13 níveis.
Durante a manifestação, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reconheceu o direito legítimo dos funcionários de reivindicarem suas causas de forma respeitosa. Os servidores argumentam que a falta de valorização salarial resultou na evasão de profissionais nos últimos anos, o que impacta a eficiência do setor. Além do reajuste, o Unacon Sindical também pede que a exigência de nível superior para os técnicos seja mantida.
A greve já teve efeitos negativos, não apenas nas vendas de títulos públicos, mas também em programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e Proex (Programas de Financiamento à Exportação). A situação piora a imagem do Brasil perante as agências de classificação de risco, especialmente em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sinalizado melhorias nas notas do país durante uma visita a Nova York. O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e o Ministério da Fazenda foram questionados sobre as reivindicações, mas não responderam até a publicação desta reportagem.