Nos últimos dois anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem intensificado suas relações com regimes autoritários como os da Venezuela, Cuba e China, fortalecendo suas conexões por meio de projetos que envolvem produção agrícola e formação política.
Parceria com a Venezuela
A mais recente iniciativa do MST é o envio de militantes para a Venezuela, onde o movimento irá colaborar com um projeto do governo de Nicolás Maduro que abrange mais de 10 mil hectares no estado de Bolívar. Esta parceria está alinhada com os interesses socialistas do MST, que desde sua fundação, há 40 anos, mantém relações com Cuba e outros países. O movimento afirma que sua participação na Venezuela visa promover a reforma agrária e a agroecologia, apesar de ser criticado por sua associação com um regime amplamente condenado por violações de direitos humanos e crises econômicas.
O histórico de colaboração do MST com a Venezuela remonta a 2006, quando uma brigada internacionalista começou a trabalhar na “Revolução Bolivariana”. A recente aproximação com Maduro foi destacada durante um encontro entre o líder do MST, João Pedro Stédile, e o ditador, que elogiou o movimento como um “poderoso movimento do campo”.
Críticas e preocupações
O envolvimento do MST com regimes autoritários tem gerado críticas de políticos e analistas, que apontam para a contradição entre os princípios de justiça social que o movimento diz defender e a realidade das ditaduras com as quais se alia. A advogada Anne Dias, por exemplo, destaca que a conexão do MST com esses regimes evidencia um “alinhamento ideológico com governos que violam sistematicamente os direitos humanos”.
Além disso, a relação com a Venezuela, marcada por crises econômicas e políticas, levanta preocupações sobre o impacto que essa aliança pode ter na imagem e na credibilidade do MST no cenário brasileiro e internacional. A deputada Milena Polini, do MST, criticou a postura do governo Lula por não reconhecer formalmente Maduro, revelando uma discordância interna entre o movimento e a administração do presidente.
Relações com Cuba e China
O MST também mantém laços estreitos com Cuba, onde promove a formação de médicos em universidades cubanas e apoia o país contra o bloqueio econômico dos EUA. Além disso, o movimento tem buscado parcerias com a China para intercâmbio de tecnologias agrícolas. Recentemente, o MST recebeu maquinário agrícola do país e planeja futuros projetos que podem comprometer a autonomia do movimento em favor de uma dependência das tecnologias chinesas.
Essas parcerias levantam questões sobre as intenções do MST e sua estratégia política, com analistas argumentando que o movimento está priorizando vínculos com regimes autoritários em vez de buscar soluções que promovam a liberdade e o bem-estar de seus membros e da população em geral.
A crescente aproximação do MST com ditaduras na Venezuela, Cuba e China destaca a complexidade das relações internacionais e a ideologia do movimento. Enquanto busca fortalecer suas raízes socialistas e promover a reforma agrária, o MST enfrenta críticas e desconfiança, tanto pela sua escolha de aliados quanto pelas implicações políticas e sociais dessas relações.