A recente proposta de criação da Autoridade Climática, anunciada por Luiz Inácio Lula da Silva em resposta à crise das queimadas e da seca no Brasil, parece estar longe de se tornar realidade. Inicialmente discutida durante a transição de governo e mencionada em discursos de sua ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a iniciativa agora enfrenta uma série de obstáculos, evidenciando uma defesa dissimulada do meio ambiente e a falta de prioridade do governo.
Um cenário de disputas de poder
Duas semanas após o anúncio, as discussões em torno da estrutura e da subordinação da nova autoridade se intensificaram. De um lado, há a pressão para que a Autoridade Climática seja vinculada à Presidência da República, garantindo uma maior autonomia e poder de decisão. Do outro, Marina Silva propôs uma estrutura de autarquia, semelhante à da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a intenção de desenhar políticas públicas que transcendam a sazonalidade política. No entanto, essa proposta parece esbarrar na resistência interna e na falta de uma posição clara do governo.
A hesitação de Lula em tomar uma decisão sobre a criação dessa autoridade prioritária é alarmante. Passados quase dois anos desde o início das discussões, a proposta permanece apenas como uma ideia vaga, sem qualquer rascunho público que defina suas atribuições e limites. Essa falta de ação concreta demonstra uma descompasso entre a retórica do presidente sobre a importância do meio ambiente e a realidade das iniciativas que deveriam estar em curso.
Falta de prioridade e urgência
A recusa de Lula em priorizar essa questão vital evidencia uma falta de comprometimento com a gravidade da situação ambiental no Brasil. Enquanto as queimadas continuam a devastar o país, o governo parece mais preocupado com disputas internas do que em implementar soluções urgentes. A criação da Autoridade Climática, que deveria ser uma ação decidida e planejada, transforma-se em uma longa epopeia sem um desfecho claro.
Enquanto isso, a expectativa de que um “deus ex machina” venha a resolver essa crise ambiental é ilusória. O que se faz necessário é uma ação firme e imediata, mas a omissão do governo em relação a uma estratégia eficaz deixa os cidadãos à mercê de uma crise que se agrava a cada dia. A urgência por ações concretas é evidente, mas até o momento, o governo de Lula não demonstrou a determinação necessária para enfrentar os desafios climáticos que o Brasil enfrenta.