A dívida bruta do Brasil alcançou 78,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em agosto de 2024, marcando o maior patamar desde outubro de 2021, com um total nominal de R$ 8,9 trilhões. A informação foi divulgada pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (30.set.2024), e revela uma preocupação crescente em relação à saúde fiscal do país.
Aumento significativo da dívida
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência, a dívida bruta aumentou em 6,9 pontos percentuais, com uma alta de 4,1 pontos apenas em 2024. Em termos mensais, a dívida cresceu 0,2 ponto percentual em agosto, refletindo a pressão sobre as contas públicas. O BC atribui o aumento à combinação de juros nominais protegidos (+0,7 ponto percentual) e à variação negativa do PIB nominal (-0,5 ponto percentual).
Déficit nominal preocupante
O setor público consolidado, que abrange a União, Estados, municípios e estatais, registrou um déficit nominal alarmante de R$ 1,111 trilhão no acumulado dos últimos 12 meses até agosto. Dentre os gastos, o pagamento de juros da dívida totalizou R$ 855,0 bilhões, representando 76,9% do rombo nas contas públicas nesse período. Embora tenha havido uma leve queda de R$ 14,8 bilhões em relação a julho, o número ainda é expressivo e gera apreensão entre economistas e investidores.
Resultado primário ainda negativo
O resultado primário, que exclui os pagamentos de juros, também mostra uma realidade fiscal desafiadora. Em 12 meses até agosto, o saldo foi de um déficit de R$ 256,3 bilhões, ligeiramente melhor que o déficit de R$ 257,7 bilhões registrado em julho. Esse saldo negativo representa 2,26% do PIB, evidenciando a dificuldade do governo em equilibrar receitas e despesas.
Em agosto, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 21,4 bilhões, enquanto o governo central teve um saldo negativo de R$ 22,3 bilhões. Em contrapartida, os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 435 milhões, assim como as estatais, que mostraram um saldo positivo de R$ 469 milhões.
Implicações futuras
Esses números alarmantes levantam questões sobre a sustentabilidade das finanças públicas no Brasil. O aumento da dívida e os déficits persistentes colocam em dúvida a capacidade do governo em implementar políticas fiscais responsáveis e podem impactar a confiança de investidores e instituições financeiras.
A situação exige uma análise cuidadosa e ações eficazes para conter o crescimento da dívida e restaurar a saúde fiscal do país. A pressão por reformas e uma gestão fiscal mais rigorosa será essencial para enfrentar esses desafios e garantir um futuro econômico mais estável.