A recente retórica do presidente Lula contra a iniciativa privada, evidenciada em suas declarações durante a “inauguração” do Comperj, levanta questões profundas sobre a visão de governo e desenvolvimento econômico que ele defende. Na coluna Opinião do Estadão, ao atacar com veemência aqueles que apoiam a privatização da Petrobras e outras empresas estatais, chamando-os de “imbecis”, Lula revela um desconforto arraigado com o papel do setor privado na economia brasileira, o que reflete uma postura ultrapassada e potencialmente prejudicial ao desenvolvimento do país.
Lula, em seu discurso, reforçou uma visão antiquada e maniqueísta de que as empresas privadas são incapazes de contribuir para o bem-estar da sociedade. Ele argumenta que a “bondade” e a sensibilidade às necessidades do povo só podem vir do Estado. Essa ideologia, que parece mais uma volta aos discursos inflamados de sua época como líder sindical nos anos 80, ignora décadas de progresso e os sucessos obtidos por empresas privatizadas, como a Vale, que prosperaram após a desestatização.
A Vale, por exemplo, que Lula cita como exemplo negativo, passou de uma empresa estatal estagnada a uma gigante mundial no setor de mineração após sua privatização, multiplicando seu valor de mercado e contribuindo significativamente para a economia do Brasil, tanto em geração de empregos quanto em arrecadação de impostos. O crescimento da empresa é um testemunho claro de que o setor privado, quando bem gerido e regulado, pode ser um motor de progresso econômico. Contudo, para Lula, o fato de seus executivos receberem remunerações competitivas e condizentes com o mercado global é uma afronta, como se a produtividade e o sucesso econômico devessem ser punidos em vez de recompensados.
Esse tipo de pensamento revela a profunda aversão de Lula à lógica de mercado, onde o lucro é uma parte necessária e saudável de qualquer empreendimento bem-sucedido. Ao desqualificar o setor produtivo e insinuar que apenas o Estado é capaz de promover o bem-estar social, o presidente ignora os inúmeros exemplos de países que prosperaram ao incentivar a iniciativa privada. Na prática, suas declarações minam a confiança dos investidores e sinalizam uma volta a políticas intervencionistas que falharam repetidamente no passado.
O complexo petroquímico do Comperj, citado por Lula como exemplo de uma “reparação” após os escândalos da Lava Jato, é, na verdade, um símbolo da ineficiência estatal. O projeto, marcado por atrasos, custos exorbitantes e corrupção, é um lembrete de como a má gestão estatal pode drenar recursos públicos e atrasar o progresso econômico. Mesmo assim, Lula insiste em glorificar as estatais e demonizar qualquer tentativa de privatização como uma conspiração para enfraquecer o Brasil.
O argumento de que a Lava Jato foi uma tentativa de desmoralizar a Petrobras para forçar sua privatização é uma teoria da conspiração que busca desviar a atenção dos fatos concretos: a operação revelou um esquema maciço de corrupção envolvendo a Petrobras, demonstrando as vulnerabilidades de empresas estatais quando controladas por interesses políticos. O que Lula chama de “reparação” é, na verdade, uma tentativa de reescrever a história e culpar aqueles que, corajosamente, expuseram a corrupção endêmica que assolava a estatal.
Ao invés de enxergar a privatização como uma forma de modernizar a economia e aumentar a eficiência, Lula prefere reforçar uma visão ultrapassada, onde o Estado tem o monopólio da virtude e as empresas privadas são vilãs. Esta visão não só é equivocada, como é perigosa para o futuro do Brasil. A prosperidade de um país não vem de um Estado inchado e controlador, mas de uma economia dinâmica, onde o setor privado pode florescer em parceria com um governo que regula de maneira justa, mas sem sufocar a iniciativa empresarial.
No final das contas, o que vemos é uma tentativa de Lula de reviver velhos antagonismos e transformar os empresários em inimigos do povo, como se o sucesso do setor privado fosse algo a ser combatido, e não celebrado. Essa postura coloca o Brasil em um caminho perigoso, afastando investimentos, limitando o crescimento econômico e perpetuando a dependência de um Estado paternalista e ineficaz.
Se o presidente Lula realmente quer o melhor para o Brasil, ele deveria abandonar sua implicância contra a iniciativa privada e reconhecer que um país forte é aquele que permite que tanto o setor público quanto o privado prosperem juntos. A insistência em demonizar o lucro e exaltar a supremacia estatal não levará o Brasil para frente, mas sim para trás, em direção a um passado de estagnação e ineficiência.