A crise no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ganhou novos contornos com a publicação de uma carta aberta assinada pelos servidores da instituição, manifestando sua insatisfação com a gestão de Márcio Pochmann, atual presidente do Instituto. Nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2023, Pochmann, economista filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), vem sendo criticado por sua postura autoritária e pelas medidas que, segundo os funcionários, colocam em risco a autonomia e a credibilidade do IBGE.
Os servidores destacam que Pochmann teria tomado decisões sem diálogo, comprometendo a governança e o bom funcionamento do órgão. Um dos principais pontos de crítica é a criação da fundação IBGE+, uma entidade de direito privado, implementada sem qualquer discussão com os trabalhadores. A criação da fundação foi conduzida de forma sigilosa por 11 meses e só foi anunciada ao público meses após sua formalização. A falta de transparência gerou desconfiança entre os servidores, que acreditam que a fundação pode comprometer a independência técnica do Instituto e abrir espaço para interesses privados interferirem na missão pública do IBGE.
Outra preocupação dos funcionários diz respeito à reformulação do estatuto do IBGE, processo que também estaria sendo conduzido de maneira pouco transparente. Os servidores temem que isso possa afetar negativamente a governança do Instituto e a qualidade dos dados produzidos. A carta denuncia ainda a recusa de Pochmann em dialogar abertamente com os servidores e promover discussões sobre questões fundamentais para o futuro da instituição.
Além das críticas sobre a gestão interna, o documento denuncia o comportamento de Pochmann em relação às frequentes viagens que vem realizando, o que, segundo os servidores, contrasta com a situação financeira precária do IBGE. A instituição estaria enfrentando dificuldades para pagar despesas básicas, como aluguéis, e para realizar viagens técnicas essenciais à condução de pesquisas. A prioridade dada a viagens do presidente em um cenário de escassez financeira é vista como um reflexo da desconexão entre a gestão e as necessidades reais do Instituto.
Diante do quadro, os servidores pedem a saída de Márcio Pochmann do cargo de presidente do IBGE. Para eles, a continuidade de seu mandato compromete gravemente o funcionamento do Instituto e já tem impactado negativamente a qualidade do trabalho realizado. Na carta, os funcionários manifestam publicamente que não reconhecem mais Pochmann como presidente e clamam por uma gestão mais transparente, participativa e comprometida com a missão pública do IBGE.
A situação exposta pelos servidores revela uma crise de confiança dentro de um dos mais importantes órgãos de estatísticas do país. O IBGE, responsável por fornecer dados fundamentais para o planejamento e avaliação de políticas públicas, enfrenta agora o desafio de manter sua credibilidade e autonomia diante de uma gestão que, segundo os trabalhadores, ameaça sua independência.