Com a desaceleração nas vendas de veículos elétricos, montadoras ao redor do mundo estão revisando suas metas de eletrificação, impactadas por falta de modelos acessíveis, infraestrutura de recarga insuficiente, tensões comerciais crescentes e concorrência de rivais chineses mais baratos.
A demanda por veículos elétricos (VE) está diminuindo, levando várias montadoras globais a revisarem suas metas de eletrificação. De acordo com a Rho Motion, empresa de pesquisa de mercado, as vendas globais de veículos elétricos – incluindo modelos totalmente elétricos e híbridos plug-in – aumentaram apenas 20% no primeiro semestre de 2024, uma taxa de crescimento abaixo do esperado. Na Europa, o crescimento foi ainda mais modesto, com apenas 1% no mesmo período.
Enquanto isso, as vendas de veículos híbridos, considerados uma opção mais acessível em comparação com os totalmente elétricos, registraram aumento. As montadoras estão ajustando suas expectativas e estratégias de produção, conforme as realidades de mercado se tornam mais evidentes.
Principais Montadoras Ajustam Suas Metas de Eletrificação
Stellantis
A Stellantis anunciou na quinta-feira a suspensão da produção do carro totalmente elétrico Fiat 500 por quatro semanas devido à baixa demanda. A decisão reflete um movimento cauteloso em um mercado que ainda está longe de se estabilizar.
Toyota
A maior montadora do mundo ajustou sua meta de produção de veículos elétricos, planejando fabricar 1 milhão de unidades até 2026, uma redução em comparação à meta anterior de 1,5 milhão de unidades. A Toyota, no entanto, reiterou em comunicado que ainda pretende alcançar a produção de 1,5 milhão de veículos elétricos até 2026 e 3,5 milhões até 2030, afirmando que os números apresentados são referências, não metas formais.
Volvo Cars
Em 4 de setembro, a Volvo Cars revisou sua meta de se tornar totalmente elétrica até 2030, mantendo a opção de continuar oferecendo modelos híbridos. A montadora sueca agora planeja que 90% a 100% dos carros vendidos até 2030 sejam veículos elétricos ou híbridos plug-in, com até 10% sendo híbridos leves.
Volkswagen
Embora a Volkswagen tenha mantido suas metas de eletrificação para 2030, esperando que 70% de suas vendas na Europa e 50% nos EUA e China sejam de veículos elétricos, a empresa também mostrou cautela. Em agosto, o chefe de tecnologia da VW sugeriu que a construção de uma fábrica de baterias dependerá da demanda futura por veículos elétricos.
Ford
Em agosto, a Ford reduziu a proporção de investimentos anuais destinados a veículos elétricos puros de 40% para cerca de 30%, priorizando veículos híbridos. A montadora também cancelou o lançamento de um SUV elétrico planejado e adiou uma nova versão elétrica de sua popular picape.
Porsche
A fabricante alemã de veículos premium, Porsche, anunciou em julho que sua meta de atingir 80% de vendas totalmente elétricas até 2030 dependeria da demanda do mercado e de desenvolvimentos futuros no setor de veículos elétricos.
Renault
Inicialmente, a Renault havia anunciado a intenção de se tornar totalmente elétrica até 2030. No entanto, a meta foi revisada, com a marca agora adotando uma estratégia dupla que inclui veículos elétricos e carros com motor de combustão interna pelos próximos 10 anos. Em julho, o CEO Luca De Meo também expressou incertezas sobre a possibilidade de eletrificar completamente sua produção europeia até 2030.
General Motors
Em junho, a GM reduziu sua previsão de produção de veículos elétricos para 2024 e, em julho, não reiterou sua meta de alcançar a produção de 1 milhão de veículos elétricos na América do Norte até o final de 2025.
Mercedes-Benz
Em fevereiro, a Mercedes-Benz anunciou que as vendas de veículos elétricos, incluindo híbridos, representariam até 50% do total até 2030, cinco anos além do prazo previsto anteriormente. A montadora também desacelerou seus planos de expansão da capacidade de produção de baterias devido à menor demanda.
Bentley Motors
A Bentley, que havia estabelecido a meta de ter uma linha totalmente elétrica até 2030, afirmou em março que ainda poderia oferecer veículos híbridos após esse prazo, dependendo da demanda do mercado.
Aston Martin
A montadora britânica Aston Martin adiou o lançamento de seu primeiro veículo elétrico em fevereiro, citando a baixa demanda como o principal motivo.
Mudança de Estratégia em Meio à Concorrência e Incertezas Econômicas
A decisão das montadoras de ajustar suas metas de eletrificação reflete uma mudança de estratégia em resposta a desafios de mercado, como a falta de infraestrutura de recarga adequada, a ausência de modelos acessíveis e a crescente concorrência de fabricantes chineses de veículos elétricos mais baratos. Além disso, tensões comerciais internacionais e incertezas econômicas também contribuem para um cenário de prudência e revisão das expectativas de produção e vendas de veículos elétricos.
Com o mercado em transição e a demanda por veículos elétricos mostrando sinais de desaceleração, as montadoras enfrentam um futuro incerto, equilibrando o compromisso com a eletrificação com a necessidade de atender às realidades econômicas e às preferências dos consumidores.