Durante o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Transparência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o subsecretário do Gabinete do governador, Victor Travancas, trouxe à tona acusações graves sobre práticas questionáveis na administração de eventos e na alocação de recursos públicos pelo governo estadual.
Na tarde desta quinta-feira (12), o subsecretário do Gabinete do governador do Rio de Janeiro, Victor Travancas, fez uma série de denúncias impactantes durante seu depoimento à CPI da Transparência da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Suas críticas se concentraram na gestão de grandes eventos, como o Rock in Rio, e na realização de festas em palácios históricos.
Críticas à Gestão dos Camarotes no Rock in Rio
Travancas destacou preocupações significativas sobre a segurança e o uso de recursos no Rock in Rio, que ocorre no Parque Olímpico, na Zona Oeste do Rio. Ele criticou a existência de camarotes destinados a autoridades, alegando que esses espaços são frutos de “pressão e tráfico de influência”. Além disso, expressou receios sobre a iluminação intensa e os sobrevoos de drones, que, segundo ele, podem comprometer a segurança aérea na área.
“Vou conseguir terminar com todos os camarotes judicialmente. Há pressão e tráfico de influência. Se a organização convida alguém que tem o poder de fiscalização, isso tem um preço. Outro fato que me assusta é que não há credenciamento pleno de fiscalização. Eles dizem onde nós, que vamos fiscalizar, podemos acessar”, declarou Travancas, sublinhando a falta de transparência e controle na fiscalização de eventos de grande porte.
Festas em Palácios Históricos
Travancas também criticou a realização de festas nos palácios Guanabara e Laranjeiras, ambos considerados patrimônios históricos e sujeitos a restrições pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo o subsecretário, a realização desses eventos viola as normas que proíbem a utilização desses espaços para eventos privados, e existem processos em andamento no setor de compliance para investigar tais infrações.
“Meu principal problema no palácio é que é proibido pelo Iphan a realização de festas porque são patrimônios históricos e precisam se tornar áreas abertas à sociedade. Infelizmente, o palácio se tornou um ambiente de festas”, afirmou Travancas.
O presidente da CPI, deputado Alan Lopes (PL), pediu que Travancas envie os documentos relacionados aos processos de compliance para que o colegiado possa analisar as denúncias.
Uso Indevido de Recursos Públicos
Além das críticas a eventos e festas, Travancas levantou acusações sobre o uso indevido de recursos públicos. Ele alegou que um subsecretário de Ciência e Tecnologia, também conselheiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), estaria direcionando recursos para uma instituição com a qual tem vínculos pessoais.
“O governador não tem condições de saber o que fazem todas as autarquias. O conselheiro da Faperj recebeu no próprio CPF R$ 1 milhão. Neste momento estão sendo liberados R$ 55 milhões sem nenhuma publicidade”, disse Travancas, levantando questões sobre a transparência na alocação de recursos.
Diante dessas graves acusações, o presidente da CPI, Alan Lopes, anunciou que convocará o conselheiro da Faperj mencionado por Travancas para prestar esclarecimentos em uma futura reunião.
Impacto das Declarações
As denúncias feitas por Victor Travancas durante a CPI da Transparência revelam possíveis irregularidades na gestão de eventos e na administração de recursos públicos pelo governo estadual do Rio de Janeiro. A convocação de outros envolvidos para depor pode intensificar o debate sobre ética, transparência e responsabilidade na administração pública, trazendo mais clareza às questões levantadas.