Simon Stiell, chefe do clima da ONU, enfatizou a necessidade de uma ação coletiva global para enfrentar as queimadas na Amazônia e outros eventos climáticos extremos, como inundações severas.
Em uma entrevista exclusiva à CNN Brasil, Stiell, secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, alertou que as queimadas são um sinal de alerta para o mundo. Ele destacou a importância de proteger a maior floresta do planeta, ressaltando que, apesar de suas fragilidades, a Amazônia desempenha um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas.
Stiell afirmou que a única forma de combater secas, queimadas e outras tragédias ambientais é através do cumprimento das “promessas e obrigações” estabelecidas nos planos climáticos atuais por todos os países. “A única maneira de observarmos uma diferença nos eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas é por meio da solidariedade global e da ação para cumprir o Acordo de Paris”, disse ele em resposta a uma pergunta sobre como o mundo pode ajudar a conter as queimadas na Amazônia.
Ele também destacou a importância de ações concretas, afirmando que a próxima rodada de Conferências das Partes (COPs) oferece uma oportunidade para os países atualizarem e modificarem seus planos climáticos. “No entanto, esses planos continuarão sendo apenas palavras no papel se não forem implementados”, alertou.
Como coordenador das COPs – as cúpulas globais do clima realizadas anualmente, com as próximas programadas para o Azerbaijão em novembro deste ano e para Belém, no Pará, em 2025 – Stiell tem pressionado governos, ONGs e setores privados a adotar uma postura mais firme na defesa do meio ambiente e no combate às mudanças climáticas.
Stiell também lembrou que todos os países devem apresentar, no início do próximo ano, metas revisadas para suas ambições climáticas, que serão discutidas na COP30 em Belém. Ele ressaltou que, apesar das queimadas, o Brasil tem uma excelente oportunidade de mostrar ao mundo a importância de proteger a Amazônia durante a realização da COP30.
“Trazer a COP para a Amazônia é uma chance de destacar não apenas a fragilidade e vulnerabilidade da floresta diante do desmatamento extremo, mas também seu papel essencial na solução e na conservação ambiental”, afirmou Stiell, reconhecendo o esforço do Brasil em combater as mudanças climáticas também na presidência do G20, o grupo das maiores economias do mundo.