O ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris se enfrentarão em seu primeiro e possivelmente único debate na terça-feira, um confronto que pode ser decisivo para a corrida presidencial dos EUA.
O debate, organizado pela ABC News e marcado para às 21h ET (01h00 GMT na quarta-feira), ocorre apenas oito semanas antes da eleição de 5 de novembro. Ambos os candidatos estão em uma disputa apertada, e a votação antecipada começará poucos dias após o debate.
Este encontro é especialmente importante para Harris, pois pesquisas mostram que mais de um quarto dos eleitores ainda não conhecem bem sua candidatura, em contraste com o amplamente conhecido Trump. Será a primeira vez que os dois candidatos se encontrarão, após semanas de ataques pessoais a Harris por parte de Trump e seus aliados, que incluíram insultos racistas e sexistas.
Um confronto intenso no debate poderia desanimar eleitores indecisos, segundo John Geer, professor de Ciência Política da Universidade Vanderbilt.
Os assessores de Trump recomendam que ele se concentre em questões como imigração ilegal e preços elevados, temas que agradam aos eleitores e retratam Harris como excessivamente liberal.
Embora os debates presidenciais nem sempre mudem significativamente a dinâmica das corridas eleitorais, eles têm o potencial de influenciar o resultado. O desempenho insatisfatório do presidente Joe Biden em um debate contra Trump em junho foi tão prejudicial que eventualmente o levou a desistir da campanha.
Em uma eleição que pode ser decidida por uma pequena margem em alguns estados, até mesmo uma leve alteração na opinião pública pode ser crucial. “Kamala Harris tem muito a ganhar e muito a perder”, afirma Mitchell McKinney, ex-assessor da Comissão de Debates Presidenciais dos EUA, destacando que ela ainda é relativamente desconhecida para muitos eleitores.
Os espectadores estarão atentos não apenas às posições de Harris, mas também à sua capacidade de lidar com Trump. Enquanto Trump já é uma figura bem definida, Harris está em busca de se estabelecer de forma mais clara.
O debate de 90 minutos ocorrerá no National Constitution Center, na Filadélfia. De acordo com o acordo entre as campanhas, não haverá audiência ao vivo, e os microfones serão silenciados quando não for a vez de um candidato falar.
Preparação para o Debate
Harris vem se preparando em Pittsburgh desde quinta-feira, realizando simulações de debate com luzes para recriar o ambiente. Philippe Reines, ex-assessor de Hillary Clinton, está atuando como Trump durante os ensaios.
Trump, por outro lado, tem se preparado por meio de conversas informais, aparições em campanhas e entrevistas. A ex-congressista Tulsi Gabbard, que teve um embate notável com Harris em um debate de 2019, também ofereceu conselhos a Trump.
Gabbard afirmou que Trump tratará Harris como qualquer outro oponente e que ele focará no histórico dela comparado ao seu próprio sucesso.
Além de possíveis confrontos pessoais, os dois candidatos também devem debater questões importantes. Um representante da campanha de Harris indicou que a vice-presidente planeja atacar Trump sobre o aborto e criticá-lo por sua inadequação para liderar. Harris também deve destacar seus planos para fortalecer a classe média e reduzir custos para os consumidores.
O aborto tem sido uma questão central para Harris e os democratas desde que a Suprema Corte dos EUA anulou o direito ao procedimento em 2022. Ela atribui a responsabilidade a Trump e seus aliados, chamando as restrições estaduais de “proibições de aborto de Trump”.
Trump, por sua vez, deve associar Harris à política de imigração do governo Biden, criticando-a pelos níveis recordes de travessias de migrantes e pelos altos preços ao consumidor, apesar do crescimento econômico.
Ele também pode destacar o apoio passado de Harris a posições de esquerda, como a proibição do fracking, retratando-a como indecisa ou uma liberal extrema disfarçada.
