As 20 passagens aéreas internacionais mais caras adquiridas pelo governo Lula em 2024 ultrapassaram R$ 80 mil cada, com um custo médio de R$ 100 mil. O bilhete mais caro, do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Irajá Lacerda, para Xangai e Shenzhen (China), atingiu R$ 180 mil. As passagens dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Simone Tebet (Planejamento), para eventos em Riad e Pequim, custaram R$ 124 mil e R$ 94 mil, respectivamente. No total, as despesas com passagens internacionais chegaram a R$ 118 milhões até agosto.
Curiosamente, há passagens para Pequim na faixa de R$ 5 mil a R$ 7 mil na mesma lista. No entanto, autoridades de alto escalão têm direito a viajar na classe executiva em voos internacionais com mais de sete horas de duração. Ministros e seus representantes também desfrutam desse benefício. Sete das 20 passagens mais caras foram utilizadas por ministros do Itamaraty em classe executiva.
Três das passagens mais caras foram para servidores de alto nível que participaram de uma missão liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin em Riad (Arábia Saudita) e Pequim (China), na 7ª edição da Comissão Sino-Brasileira de Concertação e Cooperação (Cosban). Essa missão contou com 57 servidores, com despesas totais de R$ 1,6 milhão, sendo R$ 1,2 milhão apenas em passagens. O custo médio das passagens foi de R$ 20 mil, com sete delas abaixo de R$ 10 mil.
Entre os ministros, Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, viajou para Wuhan e Pequim em julho para reuniões sobre mudanças climáticas, com uma parada no Reino Unido. O custo total das passagens foi de R$ 132 mil. Márcio França, ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, viajou para a China e Londres para participar de várias reuniões e eventos, custando R$ 128 mil.
O ministro Carlos Fávaro esteve em Riade e Pequim para reuniões com autoridades e especialistas, enquanto Simone Tebet participou de reuniões em Riade e na VII Sessão Plenária da Cosban em Pequim. Irajá Lacerda esteve na China para promover o agronegócio brasileiro e participou de vários eventos relacionados ao setor.
O ministro de primeira classe Gilberto Guimarães de Moura viajou para Majuro (Ilhas Marshall) para cerimônias e reuniões, com uma passagem custando R$ 122 mil. Maria Laura da Rocha também esteve em Riade e Pequim com uma passagem de R$ 115 mil. O auditor fiscal agropecuário Carlos Goulart visitou a Austrália para estudar o sistema de rastreabilidade, com uma passagem de R$ 101 mil. Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, viajou para Daca e Hanói, com passagens custando R$ 99 mil.
O pesquisador Gilmar da Cunha Trivelato viajou para Porto (Portugal) para um simpósio científico, com uma passagem de R$ 95 mil.
O Itamaraty justificou os altos valores das passagens afirmando que os preços refletem as tarifas de mercado no momento da compra, conforme as normas estabelecidas pela Instrução Normativa nº 03/2015 do MPOG e o Decreto 71.7333/1973. Essas passagens foram emitidas na classe executiva devido à duração prolongada dos voos.
O Ministério do Empreendedorismo esclareceu que não realiza a compra das passagens, que são adquiridas pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI) através de agências de viagem. O Ministério do Planejamento afirmou que as passagens da ministra Simone Tebet foram compradas conforme o Decreto Nº 10.934/2022, e que o valor das passagens refletia a necessidade de acompanhar o vice-presidente na comitiva.