A suspensão do X, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), pode isolar o Brasil de parte do debate global. A decisão limita a capacidade de acompanhamento, incluindo por jornalistas, dos líderes mundiais na plataforma, que se tornou uma das principais arenas políticas virtuais.
“A suspensão do X nos desconecta de uma rede de comunicação crucial, tanto para a comunicação de chefes de Estado quanto para a mobilização de atores importantes para entender os eventos globais”, aponta Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM.
Holzhacker observa que, embora o X (anteriormente Twitter) tenha perdido um pouco de sua importância, ainda é um canal valioso para acompanhar debates políticos, como as eleições nos Estados Unidos, e para monitorar grupos de resistência e oposição a governos, como na Venezuela.
Leonardo Trevisan, também professor de Relações Internacionais da ESPM, destaca que a suspensão ocorre em um momento crítico das eleições americanas, o que deixa os brasileiros desconectados das postagens de candidatos e assessores no X. “É importante notar que notícias do cenário eleitoral americano frequentemente têm repercussões internas no Brasil, e a ausência dessa plataforma pode prejudicar o acompanhamento desses eventos”, afirma Trevisan.
Matheus de Oliveira Pereira, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes, reconhece que a suspensão prejudica o acompanhamento de questões internacionais.
Pereira também expressa perplexidade quanto à decisão de Moraes de impor multas a quem usasse VPN para acessar o X. Devido à polêmica e às críticas sobre possível ultrapassagem dos limites constitucionais, Moraes recuou parcialmente, revogando a exigência para que provedores de internet e empresas como Apple e Google criassem “obstáculos tecnológicos” ao aplicativo e às VPNs.
Leonardo Trevisan ainda chama a atenção para os interesses políticos e econômicos envolvidos, mencionando que o bilionário Elon Musk, dono do X, tem vínculos significativos com a China, onde a Tesla possui sua segunda maior fábrica. “É importante lembrar que a China usa o controle sobre redes sociais para proteger seus interesses, e o fato de Musk ter uma grande presença no mercado chinês pode influenciar essas dinâmicas”, conclui Trevisan.