Agora formalmente indicado como novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo recebeu uma onda de felicitações. Ministros, parlamentares e líderes petistas aproveitaram o anúncio antecipado de sua nomeação para enaltecer o economista. No entanto, apesar de ter construído muitos laços no PT ao longo dos últimos anos, Galípolo ainda poderá enfrentar um certo grau de resistência interna, segundo alguns petistas próximos a ele.
Entre os apoiadores do economista, há preocupação em relação à presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann. Embora sempre tenha apoiado a indicação de Galípolo, Gleisi tem sido uma das mais ferozes críticas à atual política de juros nos últimos anos. Alguns colegas de partido acreditam que, embora o tom em relação ao Banco Central possa se tornar mais “diplomático,” a postura crítica continuará.
Nas últimas semanas, Galípolo adotou um discurso cauteloso em relação à política de juros, mantendo aberta a possibilidade de aumento da Selic, se o cenário econômico exigir.
No entanto, um fator pode diminuir gradualmente a resistência interna contra Galípolo, de acordo com esses mesmos aliados: a mudança iminente na liderança do partido. O processo de escolha do novo presidente do PT deve ser iniciado logo após as eleições. O nome mais cotado para suceder Gleisi, até o momento, é o prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Conhecido por seu perfil conciliador, Edinho é um dos petistas mais próximos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e apoia fortemente a indicação de Galípolo para a presidência do Banco Central.
Um petista que descreve Galípolo como um “grande amigo” espera um processo semelhante ao que ocorreu com a ascensão de Fernando Haddad dentro do PT. Impulsionado pelo presidente Lula, Haddad enfrentou forte resistência interna ao longo dos anos e até hoje lida com disputas dentro do partido.