A folha salarial do futebol tem sido um desafio para o Vasco nesta janela de transferências, conforme explicou o presidente Pedrinho. Com um comprometimento significativo dos recursos mensais, o clube enfrenta dificuldades para novas contratações e busca alívio por meio da saída de jogadores. Mas o que causou o “superfaturamento” da folha, como descrito por Pedrinho?
“A folha é superfaturada e o orçamento não se alinha com as receitas. Os jogadores que precisam ser realocados, com base na avaliação esportiva, são difíceis de serem absorvidos devido aos altos valores. Outros clubes não querem pagar esses valores desproporcionais ao rendimento”, afirmou Pedrinho na terça-feira.
Atualmente, a folha salarial do Vasco gira em torno de R$ 17 milhões, excluindo os custos com a comissão técnica. Para comparação, o valor é semelhante ao da folha do Atlético-MG, que disputa a Libertadores, e superior ao de Corinthians, Palmeiras e Flamengo.
Em 2022, a folha do Vasco na Série B era de R$ 6 milhões, mas esse valor dobrou no ano seguinte. O ano de 2024 trouxe os maiores desafios, com movimentos que Pedrinho considera como “gestão irresponsável”.
“O planejamento financeiro foi baseado em um aporte que nunca aconteceu. Então, a folha se tornou exagerada financeiramente. Fizemos movimentações respeitosas com a parte financeira e preciso que a torcida me apoie. Se querem alguém irresponsável, essa pessoa não sou eu”, acrescentou o presidente.
O aumento da folha pode ser explicado por várias razões. Em 2023, Medel e Payet, com salários elevados, foram contratados em uma tentativa de evitar o rebaixamento. Serginho também recebeu um salário alto em relação ao retorno esportivo. No final da temporada passada, as renovações de contratos aumentaram a folha, com acordos considerados fora dos padrões para jogadores como Zé Gabriel e Praxedes, e o salário de Pablo Vegetti quase dobrou, embora ele tenha entregado um bom desempenho.
As contratações na primeira janela de 2024 causaram um aumento significativo na folha, com o Vasco investindo R$ 130 milhões em jogadores que tiveram pouco retorno e recebendo salários altos. A pressão por reforços levou a SAF a decisões financeiras arriscadas, contando com um aporte de setembro que não se concretizou, já que a 777 Partners foi afastada da gestão do futebol vascaíno.
Os valores da folha não incluem luvas e comissões acordadas na contratação dos jogadores, o que aumentou ainda mais o passivo do Vasco. Hoje, os salários mais altos do clube são os de Dimitri Payet e Philippe Coutinho.
Para aliviar a folha salarial, o Vasco tenta negociar a saída de jogadores nesta janela. No entanto, encontrar clubes dispostos a pagar altos salários por atletas pouco utilizados ou com baixo rendimento é um desafio. Nos empréstimos de Zé Gabriel e Serginho para Coritiba e Criciúma, respectivamente, o Vasco cobrirá metade dos salários, o que não proporcionará a economia necessária. Praxedes, emprestado ao Athletico-PR, pertence ao Red Bull Bragantino e não gerará mais custos para o Vasco.
A expectativa é que mais jogadores sejam negociados. Galdames, Rossi e Erick Marcus estão na lista de transferíveis, mas a disposição dos atletas em aceitar propostas com salários reduzidos ou mudar de divisão também representa um obstáculo para o clube.