Os Estados Unidos estão elaborando uma lista de aproximadamente 60 autoridades e familiares do governo venezuelano que podem ser alvo de sanções após a controversa eleição presidencial de julho, segundo duas fontes próximas ao assunto. A lista em questão inclui membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), da Suprema Corte e da polícia de contrainteligência venezuelana envolvidos no tumulto político, conforme indicado pelas fontes.
O Departamento do Tesouro dos EUA enviou recentemente um rascunho da lista de sanções para o Departamento de Estado. O número de indivíduos a serem sancionados pode ainda ser alterado. As sanções propostas visariam proibir viagens e restringir transações comerciais com as entidades americanas.
O CNE declarou Nicolás Maduro vencedor da eleição de 28 de julho sem divulgar a contagem completa dos votos. A Suprema Corte da Venezuela iniciou uma auditoria de votos, mas especialistas e observadores eleitorais duvidam que ela desafie o governo.
Washington e outros países contestaram a vitória de Maduro, enquanto o candidato opositor Edmundo Gonzalez também reivindicou a vitória, com as contagens de votos divulgadas pela oposição indicando uma vitória significativa para ele, com cerca de 67% de apoio.
Ainda não está claro quando as sanções serão anunciadas ou se serão acompanhadas por restrições adicionais. O Departamento de Estado dos EUA não comentou o assunto, e o Departamento do Tesouro e o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela não responderam aos pedidos de comentário.
O secretário adjunto dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, afirmou em uma rede social que Washington responsabilizaria aqueles que permitissem fraude eleitoral e repressão. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, respondeu acusando os EUA de tentar orquestrar um “golpe” contra Maduro.
Os apelos para que os resultados da eleição sejam divulgados têm sido reforçados por países vizinhos, EUA, Canadá, União Europeia e Organização dos Estados Americanos. No entanto, ainda não houve ações significativas contra o que muitos consideram uma fraude eleitoral.
Altos funcionários dos EUA afirmaram que a manipulação eleitoral comprometeu a credibilidade da vitória de Maduro e abriu espaço para novas sanções. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA afirmou na semana passada que estão sendo consideradas opções para pressionar Maduro a reconhecer os resultados das eleições.
Os EUA também expressaram preocupação com a repressão e detenção arbitrária de apoiadores da oposição pelas forças de segurança venezuelanas. As opções dos EUA para impor novas sanções são limitadas. Após a primeira reeleição não reconhecida de Maduro há cinco anos, foram impostas as sanções mais severas, afetando o setor de petróleo da Venezuela. Em abril, o Departamento do Tesouro decidiu não renovar uma licença ampla que permitia à Venezuela exportar petróleo livremente, optando por licenças individuais para algumas empresas de energia. Muitas autoridades venezuelanas, incluindo o chefe do CNE, Elvis Amoroso, já foram sancionadas pelos EUA.