A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) solicitou o apoio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para enfrentar as ações do ministro Alexandre de Moraes, acusado no escândalo conhecido como Vaza Toga. O caso envolve supostas ordens de Moraes para a criação de relatórios direcionados pelo TSE, que teriam sido usados para fundamentar suas decisões. Em seu apelo, Damares usou metáforas como “o fruto da árvore está envenenado”, “o rei está nu” e “Nero enlouqueceu” para descrever a situação.
A comparação com Nero, o imperador romano, é evocada para ilustrar o abuso de poder, lembrando que Nero é associado à tirania, execuções brutais e à alegação de que tocava lira enquanto Roma queimava. Ele também é conhecido por perseguir cristãos e ter supostamente provocado um dos maiores incêndios da antiguidade.
Damares criticou o poder concentrado nas mãos de Moraes, alegando que ele usa sua posição para investigar e produzir provas contra críticos, e pediu uma intervenção das autoridades para conter essas ações. “Vejam o tamanho do poder que colocamos nas mãos de uma só pessoa. Com esse poder, ele manda investigar quem protesta publicamente contra a atuação dele, e manda produzir provas para prender seus adversários”, afirmou a senadora.
Ela também questionou por que um jornalista estrangeiro, como Glenn Greenwald, está desempenhando um papel mais efetivo no Brasil do que as autoridades locais. “Percebam o efeito eleitoral que tudo isso produziu e continua a produzir. Candidatos da direita continuam sendo alvo desses inquéritos presididos por esse juiz. O inquérito é conduzido com o objetivo de incriminar quem o ministro desejar”, ponderou Damares.
A senadora desafiou os magistrados a romper com o corporativismo e a limpar a situação no país. “Eu gostaria de desafiá-los para rompermos com esse corporativismo e para que realmente passemos o Brasil a limpo. Não deixem um jornalista estrangeiro fazer pelo Brasil o que vocês, ministros do Supremo, podem fazer agora.”
Damares também trouxe à tona a postura de Moraes em relação à Procuradoria Geral da República (PGR), que recomendou a soltura de Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clerzão. A recusa de Moraes em seguir o parecer resultou na morte do comerciante, que não esteve presente na Esplanada dos Ministérios durante a depredação dos prédios públicos. “Mas as verdades estão vindo à tona. O rei está nu”, insistiu.
O discurso de Damares, ocorrido nesta terça-feira (20), ecoou os protestos de outros parlamentares contra as ações do Executivo e do Judiciário em relação ao Congresso. A oposição questiona a validade da democracia no Brasil, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defende que o acordo sobre a viabilidade das emendas impositivas representa uma demonstração de democracia.