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sábado, 21 setembro, 2024
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Direita conquista liderança estratégica no Parlamento Europeu com avanço do ECR

Por Marina B.

Após as eleições para o Parlamento Europeu, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), bloco de direita liderado pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e a quarta maior força na casa, garantiram cargos de destaque em 13 dos 20 comitês e quatro subcomitês do legislativo da União Europeia (UE).

Entre as posições conquistadas, estão três presidências e dez vice-presidências, cada comitê e subcomitê possui quatro vices. Sete desses cargos, em comitês estratégicos que tratam de temas como assuntos estrangeiros, segurança, meio ambiente e saúde pública, foram destinados ao partido de Meloni, o Irmãos da Itália.

Esse avanço “orgulha”, conforme expressou Carlo Fidanza, membro do Irmãos da Itália, destacando que, até então, o partido tinha representação em apenas um comitê.

Nicola Procaccini, co-líder do ECR e também membro do Irmãos da Itália, celebrou em comunicado o papel crescente que seu grupo desempenha no Parlamento da UE: “Apesar das tentativas da esquerda de nos boicotar em todos os comitês, o resultado positivo mostra que a maioria mudou e que os conservadores podem ser decisivos para os próximos cinco anos de legislatura”.

Enquanto alguns comemoram, outros expressam preocupação
Alguns analistas temem que a liderança crescente do ECR em posições importantes nos comitês possa não apenas moldar a agenda do Parlamento, mas também levar à normalização da direita, colocando em risco valores socialistas.

“A normalização da direita, como demonstra o crescimento do ECR e a falha dos grupos políticos tradicionais em isolá-los, ameaça os valores socialistas. Se essa tendência continuar, poderá comprometer os avanços na integração europeia e na Agenda 2030”, alertou Zsuzsanna Vegh, do German Marshall Fund. A estratégia de “isolamento” refere-se à tentativa dos partidos tradicionais e de esquerda de evitar acordos com a direita para impedi-la de alcançar o poder.

Julien Holz, editor de uma newsletter política e consultor sobre assuntos da UE, vê o ECR dividido entre “eurocéticos de direita” e “atores mais fortes da direita”. Ele acredita que o destaque crescente desses grupos, especialmente dos parlamentares do Irmãos da Itália, pode ter impactos negativos, como restringir o direito ao aborto e prejudicar a gestão de questões migratórias.

“Ao alcançar essas posições, eles podem tentar impor políticas que dificultem a entrada de refugiados na Europa”, exemplifica Holz.

Vegh explicou à DW que as posições em comitês são cruciais para o planejamento e execução das atividades legislativas no Parlamento Europeu. Elas garantem que determinados temas sejam discutidos, além de definir a pauta, organizar reuniões e supervisionar dossiês legislativos.

“Essas posições são importantes quando se trata de influenciar o trabalho legislativo”, destacou Vegh. “A normalização oferece a esses parlamentares melhores oportunidades para direcionar a legislação europeia conforme suas preferências ideológicas e programáticas.”

O quão à direita está o Irmãos da Itália?
Após o avanço da direita nas eleições europeias em junho, grupos de centro se uniram para evitar que parlamentares da direita assumissem posições de liderança nos comitês do Parlamento Europeu.

Entre os grupos barrados estavam o Patriotas pela Europa (PfE) – terceiro maior grupo parlamentar, composto por partidos como o Reunião Nacional de Marine Le Pen e o Fidesz de Viktor Orbán – e o Europa das Nações Soberanas (ESN), que inclui a Alternativa para a Alemanha (AfD).

A distribuição de cargos nos comitês é proporcional ao tamanho dos grupos parlamentares, e as indicações são feitas internamente, mas as presidências e vice-presidências são decididas por eleição entre os membros de cada comitê.

Embora membros de esquerda tenham conseguido isolar o PfE e o ESN, o mesmo não ocorreu com o Irmãos da Itália, que faz parte do ECR.

Direita de olho nas políticas ambientais da UE
Katarina Barley, uma das principais figuras do bloco de centro-esquerda Socialistas e Democratas (S&D), defendeu o isolamento do PfE no Parlamento Europeu, para evitar a “sabotagem de políticas construtivas” na UE.

Terry Reintke, co-presidente da bancada dos Verdes/EFA no Parlamento Europeu, também defendeu essa estratégia. “Esse movimento de direita não deve ocupar nenhum cargo em comitê, pois seu único objetivo é proteger a Europa e desmantelar o Acordo Verde Europeu, e os acordos socialistas”, afirmou Reintke à imprensa alemã.

O Acordo Verde Europeu deve ser uma das prioridades do ECR e do Irmãos da Itália para os próximos cinco anos de legislatura. “Queremos renegociar os pontos principais do Acordo Verde, começando pelo banimento de motores a combustíveis tradicionais e diesel até 2035”, afirmou Fidanza.

O ECR conseguiu emplacar Pietro Fiocchi, parlamentar do Irmãos da Itália, na segunda vice-presidência do Comitê de Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar. Com isso, espera-se que o grupo busque enfraquecer a legislação ambiental vigente na UE.

Um relatório recente do German Marshall Fund aponta que os reflexos ideológicos dos grupos políticos tradicionais continuarão a influenciar a política da UE, mas alerta que há “um processo gradual de normalização de partes da direita em andamento”.

Em resumo, a ascensão da direita na Europa e no mundo tem causado apreensão entre a esquerda e os socialistas.

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