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segunda-feira, 7 outubro, 2024
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Índia está pronta para superar os EUA e a China? O futuro da economia global está em debate

Por Marina B.

A Índia está se destacando como uma nova força motriz para o crescimento da economia global. Desde a pandemia de Covid-19 em 2020, o país tem registrado um ritmo de crescimento muito mais acelerado do que o da China. Segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a tendência deve continuar, e a Índia pode se tornar a terceira maior economia mundial até 2027, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Atualmente, a Índia ocupa a quinta posição.

As reformas econômicas que começaram na China em 1978 e na Índia em 1991 foram cruciais para o crescimento rápido de ambos os países. Mark Shirreff Matthews, chefe de pesquisa para a Ásia no banco suíço Julius Baer, observa que a economia indiana, com um PIB de US$ 3,2 trilhões, está no mesmo patamar que a economia da China em 2007, ano em que o PIB per capita da China atingiu US$ 2.500. Desde então, a economia chinesa expandiu-se rapidamente, alcançando um PIB de US$ 17,5 trilhões no ano passado. Matthews acredita que a Índia pode seguir um caminho semelhante.

No entanto, o fato de a Índia estar crescendo rapidamente não implica automaticamente que se tornará uma superpotência. Especialistas têm opiniões divergentes sobre essa possibilidade. Ian Hall, professor de relações internacionais na Griffith University, na Austrália, considera que a Índia está se tornando uma grande potência regional na Ásia e no Indo-Pacífico, graças ao seu vasto tamanho e dinamismo.

Por outro lado, Ashoka Mody, professor de política econômica internacional na Universidade de Princeton, nos EUA, descarta a possibilidade de a Índia alcançar o status de superpotência. Ele observa que, apesar de ambos os países terem começado com uma renda per capita quase idêntica e adotado reformas liberalizantes, seus trajetórias são muito diferentes. Mody critica a Índia por não ter investido tanto no desenvolvimento do capital humano, o que contrasta com a abordagem da China.

A China, segundo Mody, construiu sua estratégia de desenvolvimento com base em dois pilares: capital humano e igualdade de gênero. O acesso amplo à educação e a significativa participação das mulheres no mercado de trabalho contribuíram para uma redução nas taxas de natalidade. Em contraste, a Índia enfrenta desafios significativos, como a violência contra mulheres em áreas urbanas, que dificulta sua integração no mercado de trabalho.

Enquanto isso, Mark Shirreff Matthews acredita que a Índia tem potencial para se tornar uma superpotência. Ele destaca a importância geopolítica da Índia para os Estados Unidos e seu relacionamento com a Rússia. Matthews observa que a principal diferença entre China e Índia é que a China, sendo uma autocracia, consegue tomar decisões rapidamente, enquanto a Índia, como democracia, enfrenta desafios na aquisição de terras e na reestruturação do trabalho. Isso levou a uma concentração maior no setor de serviços do que na manufatura.

Recentemente, a digitalização da economia permitiu que a Índia se destacasse como um importante centro de tecnologia da informação, enquanto a China continua a ser o centro industrial global. No entanto, ainda existem muitos obstáculos para empresas estrangeiras instalarem fábricas de grande escala na Índia, como burocracia e falta de investimento em infraestrutura e educação.

Especialistas apontam que a principal dificuldade da Índia é a educação. O governo lançou programas para preparar cerca de 300 milhões de cidadãos para o mercado de trabalho e premiar empresas com bom desempenho. A iniciativa “Make in India” busca impulsionar o setor manufatureiro, e o primeiro-ministro Narendra Modi prometeu que a Índia se tornará um país desenvolvido até 2047.

Contudo, com o avanço de novas tecnologias, como a inteligência artificial, a China está mais bem posicionada para aproveitar essas oportunidades futuras. Sete universidades chinesas estão entre as cem melhores do mundo, enquanto a Índia não tem instituições na lista.

O professor Ashoka Mody destaca que a China avançou significativamente em pesquisa e patentes, especialmente em áreas como química e ciência dos materiais. A superioridade da China em termos de capital humano e igualdade de gênero contribuiu para um crescimento mais robusto da produtividade.

Outro desafio para a Índia é o emprego. A China conseguiu mover centenas de milhões de pessoas das áreas rurais para as urbanas, onde havia muitos empregos na indústria. A Índia precisa desenvolver um setor industrial robusto para aproveitar o dividendo demográfico. O professor Santosh Mehrotra ressalta a necessidade de criar mais empregos fora do setor rural, com um foco em setores intensivos em mão de obra e na construção civil.

Além disso, a política de incentivo a grandes conglomerados na Índia poderia ser mais eficaz se direcionada a micro, pequenas e médias empresas. Investir em setores intensivos em mão de obra, como saúde pública e educação, pode ajudar a desenvolver o capital humano necessário para a indústria e a exportação de serviços modernos.

O crescimento da Índia entre 2004 e 2014 foi impulsionado pela criação de empregos não rurais e pela expansão da indústria. No entanto, o país enfrenta desafios contínuos, incluindo erros políticos e o impacto da pandemia de Covid-19. O FMI projeta um crescimento de 6,8% para a Índia neste ano, e a abertura da Índia para o mundo está ajudando a melhorar sua posição global.

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