Durante uma reunião ministerial na quinta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou a possibilidade de convocar novas eleições na Venezuela como uma solução para a crise no país vizinho.
A sugestão de Lula para um novo pleito na Venezuela foi inicialmente divulgada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela Folha.
O ditador Nicolás Maduro foi declarado reeleito após as eleições de 28 de julho, mas o resultado é amplamente contestado pela oposição e por líderes regionais. Diversos países, incluindo o Brasil, têm pressionado o regime a divulgar atas que comprovem a legitimidade das eleições, o que ainda não ocorreu.
Durante a reunião, Lula teria dito que o resultado das eleições não deveria ser aceito sem provas de que foram limpas. Caso contrário, Maduro teria que convocar novas eleições ou seria eternamente considerado um ditador.
Lula também mencionou que pretende discutir a situação em Caracas em breve com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro. Assessores tentaram agendar uma ligação para segunda-feira (12), mas ela não ocorreu.
Esses três países têm trabalhado juntos em uma ação diplomática para tentar resolver a crise na Venezuela, sendo liderados por governantes de esquerda que mantêm diálogo com o chavismo.
Celso Amorim, assessor internacional de Lula, afirmou ao Valor Econômico que sugeriu ao presidente a ideia de uma nova eleição após ouvir outros atores internacionais. Ele também mencionou que a Colômbia e o México ainda não foram consultados sobre o assunto.
Segundo a publicação, Amorim disse que essa proposta deveria incluir contrapartidas, como a retirada de sanções internacionais, o que permitiria uma maior supervisão internacional no novo pleito.
O regime de Maduro desconvidou uma missão de observação eleitoral da União Europeia, alegando que o bloco não havia levantado sanções contra chavistas. Sem a UE, a principal missão observadora na eleição venezuelana foi o Carter Center, que concluiu que o pleito de 28 de julho não foi democrático.
A oposição venezuelana rejeita a ideia de novas eleições, alegando que venceu a disputa contra Maduro por ampla margem.
Em entrevista ao jornal El País, María Corina Machado, principal líder da oposição na Venezuela, afirmou que o resultado das eleições de 28 de julho não é negociável.
A coalizão opositora afirma ter em sua posse 80% das atas eleitorais, coletadas por seus observadores no dia do pleito, e disponibilizou os documentos online — a ditadura afirma que as cópias são falsas.