Em negociações secretas, os Estados Unidos discutiram uma possível anistia para o ditador venezuelano Nicolás Maduro em troca da sua saída do poder em Caracas. Fontes próximas às conversas confirmaram ao Wall Street Journal que a Casa Branca fez diversas propostas para convencer Maduro a deixar o governo antes da posse prevista para janeiro. Entre as ofertas estão perdões para ele e seus principais aliados, além de garantias de não solicitar a extradição dessas lideranças.
O Departamento de Justiça dos EUA acusa Maduro e mais 14 associados de crimes como tráfico de drogas e narcoterrorismo, oferecendo uma recompensa de 15 milhões de dólares por informações que levem às prisões desses indivíduos.
Segundo o Wall Street Journal, a oferta de anistia foi parte das negociações secretas realizadas no Catar no ano passado, que resultaram na troca de prisioneiros entre Venezuela e Estados Unidos. Maduro, porém, teria rejeitado qualquer acordo que envolvesse sua saída do poder e mantém essa posição.
Na sexta-feira (9), Maduro rejeitou negociações com a oposição, afirmando que María Corina Machado, a quem ameaça com prisão, deve resolver seus problemas com a Justiça. A AFP havia relatado que Machado estava disposta a negociar a transição e ofereceu um salvo-conduto para Maduro sair do poder.
A oposição também ofereceu garantias aos militares em troca do fim da repressão aos protestos. No entanto, as Forças Armadas reafirmaram sua lealdade ao regime, que delegou a elas o controle de setores estratégicos da Venezuela em troca de apoio.
A oposição alega que Edmundo González Urritia venceu a eleição com 67% dos votos e apresentou documentos que comprovariam fraude eleitoral pelo chavismo. Ele desafiou Maduro com o apoio de María Corina Machado, que estava impedida de concorrer.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou a reconhecer González como presidente eleito da Venezuela. No entanto, seu porta-voz, Matthew Miller, esclareceu que a posição dos EUA é de exigir transparência nos resultados e apoiar uma transição pacífica de poder.
A estratégia americana parece focar em incentivos para que Maduro deixe o poder, em vez de punições como sanções. Antes da eleição, os EUA relaxaram embargos econômicos após o chavismo e a oposição comprometerem-se com eleições, mas reverteram a medida quando o regime inabilitou opositores.
Com cinco meses até a posse na Venezuela, a posição americana pode mudar caso Donald Trump retorne à Casa Branca. Durante sua presidência, Trump intensificou as sanções após a reeleição contestada de Maduro em 2018 e reconheceu o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente.