Santa Teresa Benedita da Cruz, conhecida como Edith Stein, mártir do regime nazista, é celebrada nesta sexta-feira, 9. Beatificada pelo Papa João Paulo II em 1º de maio de 1987 e canonizada pelo mesmo Papa em 11 de outubro de 1998, sua vida é um testemunho de fé e coragem.
Na cerimônia de beatificação, João Paulo II destacou: “Uma grande filha do povo hebreu e uma grande carmelita, entre milhões de irmãos inocentes martirizados. Não fugiu diante da cruz, mas abraçou-a com esperança.”
Devoção
Santa Edith Stein continua a inspirar muitos católicos, incluindo a missionária da Canção Nova, Ana Luiza Matos Lopes Sinieghi, que a tem como santa de devoção desde 2019. “Em 2016, minha prima me deu um livro sobre Edith e a educação, que eu li e usei na minha dissertação de mestrado. A devoção surgiu durante a pandemia e se tornou uma linda descoberta. Desde então, estudo e rezo com ela, apaixonada por suas teorias teológicas, filosóficas e místicas”, relata Ana Luiza.
Ana Luiza admira a força e a resiliência de Edith Stein em defender a verdade a todo custo, mesmo sob o regime nazista. “Ela não corrompeu sua consciência por poder ou privilégios. Respeitou a religião de sua mãe e honrou-a até o fim, mesmo sabendo que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida”, afirma.
Como pedagoga e mãe, Ana Luiza considera Edith Stein sua mestra e cita um trecho significativo de seus escritos: “As mulheres buscam, por natureza, abraçar o que é vivo, pessoal e completo. Amar, proteger, nutrir e educar são desejos naturais e maternais. Cada mulher, seja uma cópia da Mãe de Deus, seja uma esposa de Cristo, seja uma apóstola do Coração Divino. Todas corresponderão plenamente à sua vocação feminina independentemente das circunstâncias e atividades externas nas quais realizam”, destaca, citando o livro “A Mulher: Sua Missão Segundo a Natureza e a Graça”.
Biografia
Edith Stein nasceu em 12 de outubro de 1891 na Polônia, em uma família judia. Após a morte de seu pai em 10 de julho de 1903, sua mãe assumiu o comércio da família. Aos 14 anos, Edith enfrentou uma crise de fé e desacreditou de Deus. Formou-se em ensino médio, começou a estudar com afinco, destacando-se em ciências humanas. Decidiu estudar com Edmund Husserl na Universidade de Gotinga, Alemanha, onde fez seu doutorado, com o apoio de sua mãe.
Sua conversão ao catolicismo começou ao ler Santa Teresa d’Ávila. “Judia, intelectual, católica e santa. Uma grande mulher de Deus, uma inspiração para todos. Uma amiga para todas as mulheres. Leio frequentemente seus escritos e encontro Deus”, afirma Ana Luiza.
Legado de Edith Stein
Edith Stein deixou um grande legado em filosofia, teologia, pedagogia e misticismo. “Uma mulher que não foi fragmentada pelas ideologias da época, mas firmou seu coração no Evangelho e na doutrina católica”, ressalta Ana Luiza.
Recentemente, os Carmelitas Descalços pediram ao Papa Francisco o reconhecimento oficial do legado teológico de Edith Stein. Se aceito, ela pode se tornar a quinta doutora da Igreja, um título que reconhece suas significativas contribuições para a teologia e moral da Igreja Católica.
Fé e Ciência
Edith Stein fez doutorado em filosofia, sendo uma das primeiras mulheres na Alemanha a alcançar esse título. Segundo Ana Luiza, ela exemplifica a harmonia entre fé e razão descrita pelo Papa João Paulo II na encíclica Fides et Ratio: “A fé requer compreensão pela razão, e a razão admite o que a fé apresenta.” Edith vivenciou essa harmonia de maneira exemplar.
Nazismo
Após sua conversão ao catolicismo, Edith Stein tornou-se Carmelita Descalça em 14 de outubro de 1933, adotando o nome Teresa Benedita da Cruz. Em 1938, com a intensificação da Segunda Guerra Mundial e a violência da Noite dos Cristais, as irmãs foram levadas para o Carmelo de Echt na Holanda.
Em 2 de agosto de 1942, Edith Stein foi presa pelos nazistas e enviada ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde morreu em uma câmara de gás em 9 de agosto de 1942. “Alguns relatos afirmam que ela cuidava das crianças e era chamada de anjo”, destaca Ana Luiza.