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quarta-feira, 25 setembro, 2024
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Manutenção da Selic: O perigo de uma nova explosão inflacionária em 2024

Por Marina B.

A principal dúvida que surgiu após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, é sobre quais serão os próximos passos da autoridade monetária, especialmente se haverá uma elevação da taxa de juros ainda em 2024. Na minha opinião, a resposta é não, mas por motivos incorretos.

O Banco Central corretamente destacou o impacto do descontrole fiscal sobre a inflação. O aumento das despesas federais amplifica a demanda. Em uma economia com grande capacidade ociosa, isso não seria um problema grave; no entanto, as estimativas do próprio BC indicam que a economia já está operando em seu limite potencial (e possivelmente além).

Nesse cenário, estímulos adicionais ao consumo tendem a se refletir mais no aumento dos preços do que na produção, especialmente em áreas que não conseguimos importar, como os serviços. Isso explica por que as recentes leituras da inflação mostram uma aceleração no crescimento dos preços dos serviços, que funcionam como um “canário na mina”, antecipando as pressões de demanda.

Além disso, o desequilíbrio fiscal resulta em um aumento contínuo da dívida pública, que agora está próxima de 80% do PIB. Embora esse nível por si só não seja tão revelador, a falta de perspectiva de estabilização (quanto mais de redução) da dívida agrava a percepção de risco. Isso é o principal fator para a valorização do dólar, que também contribui para a inflação, como mostrei em uma análise recente.

Dessa forma, as previsões do Banco Central – geralmente mais otimistas do que as do mercado – indicam que a inflação estará acima da meta no final do próximo ano. Contudo, com a nova forma de aferição da meta, o BC projetou que, nos 12 meses encerrados em março de 2026, a inflação estará apenas um pouco acima do desejado. Isso permite ao Copom manter a Selic sem perder completamente a dignidade.

No entanto, o cenário deve piorar nos próximos meses, criando um dilema para o Comitê. Com a mudança na presidência do Banco Central, é provável que o problema seja deixado para o próximo dirigente. Considerando os ataques do presidente Lula ao BC e a Roberto Campos, será difícil para o novo presidente elevar a Selic sem comprometer a narrativa presidencial atual.

Em resumo, é provável que enfrentemos uma repetição do que aconteceu no governo de Tombini no BC: juros inadequados, dólar caro e inflação persistentemente acima da meta. Parece que ainda não aprendemos com os erros do passado.

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