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domingo, 24 novembro, 2024
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Dólar chega a R$ 5,80 e real entra em colapso: O que está derrubando nossa moeda?

Por Marina B.

Nesta sexta-feira (2), no início do pregão, o dólar chegou a tocar a marca de R$ 5,80, um nível que não era alcançado desde 2020. Embora tenha recuado para cerca de R$ 5,74 por volta das 12h30, a recente valorização da moeda americana está em destaque tanto para investidores quanto para a população, que poderá sentir no bolso os impactos dessa alta, dado que muitos produtos são importados ou dependem de matéria-prima estrangeira.

Nos últimos dias, o enfraquecimento do real em relação ao dólar foi impulsionado principalmente por decisões de políticas monetárias dos Estados Unidos, Japão e Brasil.

Estados Unidos: O que mais pesa?
A maior economia do mundo, os Estados Unidos, viu o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidir na quarta-feira (31) manter a taxa básica inalterada, entre 5,25% e 5,50%, mas sinalizando uma possível queda em setembro.

Japão e o carry trade
No cenário externo, o Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês) também anunciou na quarta-feira um aumento de sua taxa de juros para 0,25% e indicou novos ajustes futuros.

O iene japonês tem se valorizado frente ao dólar, em meio a suspeitas de intervenção cambial e especulações de que o BoJ aumentará os juros na próxima semana. Um iene mais forte e a possível redução do diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos têm levado investidores a desfazer operações de “carry trade”, onde tomam empréstimos em países com juros baixos (como o Japão) para investir em outros com juros mais altos. Esse movimento pode causar uma saída de capital de mercados emergentes, como o Brasil, para sustentar essa reversão no Japão.

Banco Central brasileiro
No Brasil, o Banco Central manteve a Selic em 10,50% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada na quarta-feira, mas adotou um tom mais brando em relação às possíveis decisões futuras.

Economistas apontam que o BC poderia ter sido mais firme quanto a uma possível alta futura da Selic. “A incerteza política em torno da questão fiscal e o receio de uma abordagem mais leniente com a inflação por parte da política monetária aumentam a volatilidade dos indicadores e o risco dos nossos títulos,” comenta Massote, da One.

O mercado acredita que um dólar mais forte pode acelerar a inflação no Brasil — o BC considerou um câmbio de R$ 5,55 no Copom, abaixo dos níveis atuais. Se a inflação aumentar, os juros reais (a diferença entre as taxas pagas pelos títulos do governo e a variação dos preços) tendem a diminuir.

Esse cenário ocorre enquanto o fiscal brasileiro permanece em foco, com especialistas mais pessimistas em relação à situação atual das contas públicas. Quando o risco fiscal aumenta, investidores exigem prêmios maiores (taxas mais altas), mas o Copom seguiu na direção oposta.

“Um maior risco fiscal e o Copom aceitando inflação acima da meta por mais tempo são fatores que podem enfraquecer ainda mais o real, aumentando o risco de uma desvalorização crônica da moeda,” afirma a Wagner Investimento.

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