Membros do Itamaraty acreditam que o presidente Lula se excedeu ao comentar a eleição presidencial na Venezuela, que tem sido amplamente contestada pela oposição local e observadores internacionais. Em entrevista à “TV Centro América”, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula pediu a divulgação das atas eleitorais, mas minimizou a gravidade do pleito, descrevendo-o como “não grave”, “não anormal” e “não assustador”.
“O PT reconheceu a eleição e elogiou o povo venezuelano pelas eleições pacíficas. O tribunal eleitoral declarou Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não aceitou o resultado. Há um processo em andamento. Não há nada de grave ou assustador. A imprensa brasileira está tratando isso como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Houve uma eleição, com um candidato dizendo ter 51% e outro com 40%. Um concorda, o outro não. A Justiça decidirá”, declarou Lula.
Diplomatas brasileiros de alto escalão consideram que Lula deveria ter limitado suas declarações à solicitação das atas, alinhando-se à posição oficial do Itamaraty. Auxiliares do presidente no Palácio do Planalto também expressaram preocupação de que as declarações complacentes com o regime de Nicolás Maduro possam prejudicar a imagem do presidente e do governo.
Mortes e Prisões na Venezuela
Apesar das declarações de Lula, o regime de Maduro provocou pelo menos 16 mortes e a prisão de centenas de pessoas, incluindo um líder oposicionista, após as eleições de domingo. Além disso, sete embaixadores que pediram a divulgação das atas eleitorais foram expulsos da Venezuela. Maduro alegou que não pode apresentar os documentos porque o Conselho Nacional Eleitoral, sob seu controle, está envolvido em uma “batalha cibernética sem precedentes”.
