Protestos eclodiram em cidades venezuelanas após a divulgação dos resultados da eleição presidencial de domingo, 28, que confirmou o atual presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato. De acordo com a Human Rights Watch, pelo menos 20 pessoas perderam a vida nos confrontos que se seguiram, enquanto as forças de segurança e os manifestantes continuam a se enfrentar em diversas partes do país.
Na terça-feira, 30, o Observador Permanente da Santa Sé na Organização dos Estados Americanos (OEA), Monsenhor Juan Antonio Cruz Serrano, expressou apoio ao apelo dos bispos venezuelanos por transparência eleitoral. Em sua declaração, Monsenhor Cruz afirmou que a Santa Sé apoia a “vocação democrática do povo venezuelano, evidenciada pela ‘participação massiva, ativa e cívica de todos os venezuelanos no processo eleitoral’.”
Apelo ao Diálogo e Respeito
Durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA em Washington DC, nesta quarta-feira, 31, a proposta de resolução pedindo maior transparência nas eleições venezuelanas não foi aprovada. A resolução exigia 18 votos para ser aprovada, mas obteve apenas 17 votos a favor, com outros 11 estados se abstendo.
Monsenhor Cruz reconheceu a não adoção da resolução e destacou que a Santa Sé “acredita que a expressão de diferentes posições e queixas deve ser conduzida com atitudes pacíficas, respeito e tolerância, como tem prevalecido até agora.” Ele concluiu seu discurso com um apelo ao diálogo para superar a violência: “A Santa Sé sustenta que somente o diálogo e a participação ativa e plena de todos os atores políticos envolvidos neste processo podem levar à superação da situação atual e promover a coexistência democrática no país.”
Carter Center: Eleições ‘Não Democráticas’
Separadamente, o Carter Center, uma organização sem fins lucrativos fundada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, divulgou uma declaração afirmando que a eleição na Venezuela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática.”
O Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela (CNE) havia convidado o Carter Center para observar as eleições, destacando 17 especialistas e observadores. O centro criticou o CNE por anunciar resultados “desagregados por seções eleitorais”, o que considerou uma “violação grave dos princípios eleitorais.”
“Ao longo do processo eleitoral, as autoridades do CNE demonstraram parcialidade a favor do partido no poder e contra os candidatos da oposição,” afirmou a declaração. O Carter Center elogiou os cidadãos venezuelanos por sua votação pacífica e civilizada, mas destacou que seus esforços foram prejudicados pela falta de transparência na divulgação dos resultados.
