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sexta-feira, 20 setembro, 2024
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Eleições na Venezuela: Lula ignora suspeita de fraude e fica à parte da vitória controvérsia de Maduro

Por Marina B.

Em meio à crise pós-eleitoral na Venezuela, onde Nicolás Maduro declarou sua vitória nas eleições presidenciais de domingo, 29, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manteve à parte da maioria dos países sul-americanos e, até o início da madrugada desta segunda-feira, não havia se pronunciado sobre a controversa vitória do líder chavista.

Desde o fechamento das urnas, surgiram indícios de fraude eleitoral no país vizinho. A oposição alega não ter tido acesso a 70% das atas eleitorais e relatou que as sessões de votação permaneceram abertas além do horário em áreas predominantemente chavistas, enquanto em regiões opositoras houve intimidações e obstáculos à votação.

Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do Planalto e enviado a Caracas para acompanhar a eleição, divulgou uma nota no início da noite afirmando que aguardaria o posicionamento dos observadores internacionais autorizados pelo regime de Maduro e que os dois lados deveriam respeitar o resultado da eleição. Amorim também mencionou a necessidade de esperar o término da votação, pois algumas sessões ainda estavam abertas.

A postura do governo brasileiro é quase única na região. Entre os vizinhos sul-americanos, apenas Bolívia, Guiana e Suriname não expressaram preocupação com a demora na apuração e as suspeitas sobre o processo eleitoral. Até governos de esquerda, como o do chileno Gabriel Boric e o colombiano Gustavo Petro, fizeram críticas mais contundentes a Maduro do que o Brasil.

Com o retorno do PT ao governo em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Itamaraty, sob a liderança de Ernesto Araújo, reconheceu Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela e rompeu com o chavismo. Sob Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira procurou reconstruir as relações bilaterais, argumentando que empresas brasileiras tinham dívidas de aproximadamente US$ 1,27 bilhão com o governo de Maduro. O Brasil enviou a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira a Caracas e recebeu o embaixador Manuel Vadell em Brasília.

Nos primeiros meses de governo, Lula também demonstrou apoio a Maduro, recebendo-o com honras de chefe de Estado no Planalto em maio do ano passado. Essa ação foi criticada por outros presidentes da região, como Gabriel Boric e Luis Lacalle Pou, que desaprovaram a reabilitação de Maduro pelo governo brasileiro.

Em 2023, o Brasil, junto com Colômbia, Estados Unidos e União Europeia, patrocinou um acordo entre a oposição e o chavismo para realizar eleições justas e livres na Venezuela, em troca da retirada de sanções. No entanto, os chamados acordos de Barbados foram questionados por Maduro, que impediu María Corina Machado de disputar a eleição, dificultou a inscrição de outros candidatos e tornou quase impossível para eleitores no exterior participarem da votação.

No final do ano passado, Maduro organizou um plebiscito para anexar parte da Guiana, o que aumentou a tensão militar. A diplomacia brasileira evitou condenar diretamente a agressão chavista. Após intensas negociações, com intermediação de Lula e do presidente colombiano Gustavo Petro, Venezuela e Guiana concordaram em resolver a disputa sem violência.

O Brasil evitou criticar os abusos de Maduro até março deste ano, quando o Itamaraty condenou a proibição da inscrição de Corina Yoris como substituta de María Corina Machado. Desde então, Maduro passou a ver o governo Lula com desconfiança. Recentemente, o ditador ironizou Lula e criticou o sistema eleitoral brasileiro, o que levou o Tribunal Superior Eleitoral a suspender o envio de uma missão ao país.

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