Com a oposição se destacando como favorita nas eleições presidenciais deste ano na Venezuela, o regime de Nicolás Maduro tem implementado diversas táticas para garantir um resultado favorável. Desde o início do processo eleitoral, houve impedimentos para candidatas opositoras, exclusão de eleitores no exterior e mudanças arbitrárias nos locais de votação.
Uma das medidas mais controversas para o pleito deste domingo é a cédula eleitoral. O cartão contém fotos dos candidatos, mas elas não foram exibidas em quantidade igual. A imagem de Maduro aparece 13 vezes, enquanto a de Edmundo Gonzáles Urrutia, seu principal rival, foi exibida apenas três vezes. Além disso, as fotos de Maduro ocuparam o topo da cédula.
ARTIMANHAS DE MADURO
Durante o ano, o regime alterou e impôs novas regras para dificultar a participação da oposição. O caso mais notável foi a inabilitação de María Corina Machado, que havia vencido as primárias com mais de 90% dos votos.
María Isabel Puerta Riera, cientista política do Valencia College, na Flórida, afirma que “existe uma estrutura jurídica e política manipulada para impedir a participação nas eleições, seja mudando seções eleitorais, impedindo o voto ou manipulando observadores. Tudo isso é familiar ao chavismo, mas, desta vez, é uma luta existencial para eles.”
Além disso, segundo levantamento das organizações Alerta Venezuela, Espacio Público e Voto Joven, cerca de 25% dos eleitores foram excluídos do processo. Mudanças nas regras e a dificuldade de registro para milhões de venezuelanos no exterior contribuíram para essa exclusão.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou que mais de 21 milhões de pessoas estão aptas a votar, mas as organizações afirmam que 5 milhões de eleitores ficaram de fora. Há também denúncias de alterações arbitrárias nos locais de votação, com mudanças para locais distantes ou sem a devida comunicação.
Outro obstáculo enfrentado pela oposição é a dificuldade para o credenciamento de testemunhas eleitorais, similares aos fiscais de urna no Brasil. O CNE impôs restrições aos 90 mil voluntários enviados pela oposição, dificultando a supervisão do processo eleitoral.
Andrés Caleca, ex-presidente do CNE e opositor, comentou que “a estratégia é usar o CNE para impedir a votação maciça do povo venezuelano, tentando ganhar as eleições de forma fraudulenta. Mesmo que os votos sejam contados corretamente, a eleição ocorre em um contexto de fraude.”