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quinta-feira, 28 novembro, 2024
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Lula muda de postura após ‘longos’ quatro dias: Agora ‘assustado’ com ameaça de Maduro

Por Marina B.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou quatro dias para reagir à ameaça do ditador Nicolás Maduro de um possível “banho de sangue” na Venezuela se ele não for reeleito no próximo domingo. Durante esse período, enquanto a ameaça de Maduro chocava defensores da democracia, Lula limitou-se a dizer que “os venezuelanos devem eleger o presidente que quiserem” – como se tratasse de uma eleição comum e não de uma ameaça explícita de guerra civil. Da mesma forma, Celso Amorim, chanceler informal do Brasil, minimizou a ameaça de Maduro como um “arroubo sem consequências”.

É curioso o que levou Lula a mudar repentinamente sua postura e expressar preocupação com a possibilidade de Maduro manter-se no poder à força. É difícil acreditar que o presidente, que sempre elogiou a “democracia” chavista, tenha finalmente percebido que a Venezuela é uma ditadura feroz, onde a mudança de poder não ocorre pacificamente. Parece mais plausível que Lula esteja agora preocupado com as consequências políticas de um desfecho violento na Venezuela. Em 2017, mais de 100 pessoas foram mortas pela repressão do regime a protestos opositores, o que pode ser um prenúncio do que está por vir.

Apesar da nova postura de Lula, sua convicção na justiça do processo eleitoral venezuelano permanece inalterada, mesmo com a perseguição a opositores, censura, subserviência do Judiciário e ameaças aos eleitores. Celso Amorim declarou que a eleição de domingo será uma oportunidade para demonstrar a consolidação da democracia na Venezuela.

Ironia das ironias, o “observador” de Lula nas eleições será justamente quem irá validar a integridade de uma votação sob forte repressão estatal. Será interessante ver Amorim confirmar a legitimidade de uma possível vitória de Maduro, especialmente quando as pesquisas indicam que essa vitória só pode ocorrer através de fraude.

O “susto” repentino de Lula parece ser mais uma farsa. Desde a ascensão de Maduro ao poder em 2013, após a morte de Hugo Chávez, o petista sempre apoiou o regime de Caracas. Apesar da degradação democrática na Venezuela, Lula e seus aliados mantiveram-se firmes no apoio ao chavismo, motivados por um alinhamento ideológico antiamericano ultrapassado.

Maduro tem permanecido no poder a um custo imenso para o povo venezuelano, que sofre com miséria, cerceamento das liberdades e repressão brutal. A oposição tem sido sistematicamente silenciada e veículos de imprensa independentes enfrentam violência por parte da Milícia Bolivariana.

É sob essas condições que Lula acredita que haverá eleições livres na Venezuela? É isso que o autoproclamado defensor da democracia no Brasil entende por democracia?

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