Após conquistar o apoio do Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen enfrenta um novo desafio na formação da próxima Comissão Europeia. A presidente reeleita terá que lidar com a pressão de governos conservadores na seleção dos comissários.
Johannes Greubel, analista político do Centro de Política Europeia, explicou à Euronews que “o quebra-cabeça para montar a Comissão será mais complexo desta vez. Os candidatos a comissários indicados pelos Estados-membros serão muito mais diversificados politicamente, com uma presença maior de eurocéticos nas pastas.”
Governos conservadores da Itália e da Chéquia já deixaram claro que esperam que seus comissários ocupem cargos de grande importância. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, solicitou uma vice-presidência econômica, enquanto o primeiro-ministro checo, Petr Fiala, também deseja uma pasta de destaque, preferencialmente econômica.
Essas exigências visam garantir que os ganhos dos partidos conservadores nas eleições europeias se reflitam na composição do novo executivo da União Europeia (UE). As exigências também são uma resposta ao ‘cordão sanitário’ dos partidos tradicionais e pró-UE, que influenciou a escolha dos líderes das instituições: Ursula von der Leyen, de centro-direita, para a Comissão Europeia; António Costa, socialista, para o Conselho Europeu; e Kaja Kallas, liberal, para a diplomacia da UE.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, também está pressionando por sua parte, tendo liderado um novo grupo de direita no Parlamento Europeu, os Patriotas pela Europa. Orbán ainda não anunciou se manterá Olivér Várhelyi, responsável pela pasta do Alargamento e Vizinhança, ou se indicará outro nome.
Por outro lado, a coligação de direita nos Países Baixos pretende manter Wopke Hoekstra, comissário para a Ação Climática, escolhido pelo anterior primeiro-ministro liberal, Mark Rutte. Hoekstra expressou sua gratidão ao atual governo liderado por Dick Schoof pela confiança renovada em uma mensagem nas redes sociais.
Durante o processo de seleção, Ursula von der Leyen buscará garantir o equilíbrio de gênero na composição da nova equipe, assim como fez em 2019. No entanto, todos os candidatos terão que passar por audiências no Parlamento Europeu, onde serão avaliados por suas competências e currículos, o que pode representar um desafio, segundo Sophia Russack, pesquisadora do Centro de Estudos de Política Europeia.
“O Parlamento Europeu convidará todos os candidatos a comissário para suas respectivas comissões e fará muitas perguntas para testar sua aptidão para o cargo,” disse Russack à Euronews. “No final, todo o colégio de comissários será submetido a uma votação pelo plenário do Parlamento Europeu, e isso pode levar tempo, pois o Parlamento pode rejeitar um ou até vários comissários.”
Durante as negociações, a presidente também procurará encontrar o perfil ideal para novas pastas que ganharam destaque em seu discurso no Parlamento Europeu, como Defesa, Habitação e Relações com o Mediterrâneo, especialmente em relação à Migração.
Até o momento, cerca de um terço dos 27 Estados-membros já indicaram seus candidatos, incluindo a Alemanha, que tem Ursula von der Leyen, além de Estônia, Países Baixos, Finlândia, Irlanda, Letônia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha e Suécia.