No terceiro episódio da série “O Cérebro dos Atletas”, exibida no Fantástico, o foco é a transformação mental provocada pelo treinamento intenso. Como o alto rendimento faz com que a mente se conecte profundamente ao esporte?
Pepê Gonçalves, da canoagem slalom, compartilha sua experiência:
- “Eu nem penso no equipamento quando estou descendo a corredeira; ele se torna uma extensão do meu corpo, do meu braço. É isso que buscamos durante toda a competição,” explica Pepê.
Cada esporte exige um biotipo específico, mas a prática constante também altera o cérebro. O neurologista Wellingson Paiva detalha:
- “Há mudanças no cérebro e na comunicação entre neurônios. O cérebro se adapta ao tipo de exercício e treinamento que o atleta realiza. Quanto mais a ferramenta é utilizada, mais sincronizado o atleta se torna com ela.”
O mesmo fenômeno ocorre com Raiza Goulão, ciclista de cross country:
- “Eu e a bike somos uma só,” diz Raiza, que consegue sentir pequenas variações na calibragem dos pneus durante uma prova de MTB.
O neurologista Renato Anghinah acrescenta:
- “Quando o atleta incorpora um instrumento, ele desenvolve todas as sensações e noções relacionadas a ele. Parece estranho, mas o cérebro tem a capacidade de se moldar a essas estruturas incorporadas.”
Além da sintonia com os equipamentos, há também uma conexão entre atletas, especialmente em esportes disputados em duplas. Bárbara Seixas e Carol Solberg, campeãs em Portugal, destacam essa conexão:
- “Quando estamos na mesma frequência, ocorre uma intuição conjunta quase mágica,” afirma Carol.
Os especialistas explicam que as ondas cerebrais podem se alinhar, criando uma sincronia intercerebral:
- “Não há comunicação direta entre os cérebros, mas o treinamento constante faz com que regiões semelhantes sejam ativadas em ambas as pessoas,” explica Wellingson Paiva.
Esse entrosamento permite que os atletas sintam como se estivessem dentro da mente do parceiro:
- “Quanto mais convivemos, mais entramos em sintonia,” diz Bárbara Seixas.
Assim, a atividade física transforma não apenas o cérebro, mas também a maneira como o atleta vivencia o esporte, uma realidade confirmada pelos atletas olímpicos.