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quarta-feira, 9 outubro, 2024
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Crise fiscal eleva risco de alta dos juros, alerta diretor do Goldman Sachs

Por Marina B.

A recente crise fiscal no Brasil, que fez o real alcançar R$ 5,70, aumentou as chances de elevação dos juros no País, alerta Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs. O mercado passou por estresse, mas a situação foi contida após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva moderar seu tom e sinalizar compromisso fiscal. No entanto, Ramos considera que faltam medidas estruturais para resolver o problema.

“Nos próximos cinco meses, a probabilidade de aumento da taxa de juros é maior do que a de queda no Brasil”, afirmou Ramos, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. Embora este não seja seu cenário base, ele ressalta que o mercado, criticado por Lula, continua “nervoso”. “O mercado perdeu dinheiro quando o câmbio estressou porque estava posicionado para a apreciação do câmbio e queda de juros”, destacou.

Principais Trechos da Entrevista:

Aumento das Incertezas Fiscais “Nos últimos meses, o mercado ficou mais preocupado com a dinâmica fiscal. Os sinais do governo sobre políticas fiscal e monetária aumentaram esse estresse. Estamos um pouco nesse cenário.”

Novo Arcabouço Fiscal “O novo arcabouço falhou como âncora fiscal e nunca convenceu os agentes econômicos de que seria possível alcançar primários crescentes. As metas foram revistas pelo governo, mas nunca foram credíveis, pois pressupunham aumento significativo da carga tributária. O governo teve algum sucesso, mas insuficiente para cumprir as metas, pois continua resistente a revisar os gastos.”

Responsabilidade Fiscal e Críticas ao Mercado “O presidente Lula tem mencionado a importância de não gastar mais do que arrecada, mas a realidade mostra que o Brasil gasta muito mais do que arrecada. O déficit primário está em cerca de R$ 280 bilhões, ou -2,5% do PIB. O déficit fiscal nominal total é de R$ 1 trilhão, ou -9,6% do PIB. O Brasil está longe do equilíbrio fiscal.”

Críticas de Lula ao Mercado “O mercado não é composto apenas por especuladores. No ano passado, os fundos perderam muito dinheiro porque acreditavam que os juros cairiam mais. Eles estavam posicionados para uma queda dos juros e apreciação do câmbio. O mercado não ganha com juros altos; perdeu quando os juros pararam de cair e o câmbio estressou.”

Corte de Benefícios Sociais “A revisão do cadastro dos beneficiários sociais não é suficiente. Isso deveria ser uma agenda contínua. Por que só agora, depois de um ano e meio no poder? Essa deveria ter sido a agenda desde o início.”

Medidas Estruturais Necessárias “É sempre possível ajustar o fiscal, mas o ideal são medidas estruturadas. O problema estrutural está nas vinculações constitucionais na saúde, educação e benefícios previdenciários atrelados ao salário mínimo. Não significa que gastarão menos, mas a rigidez dificulta o manejo orçamentário. Precisamos de mais flexibilidade e eficiência no orçamento.”

Sinais de Mudança Fiscal “Os sinais de comprometimento com a disciplina fiscal melhoraram, mas o mercado ainda pede mais. Precisamos de sinais claros de controle de gasto e reformas, como a administrativa.”

Críticas aos Juros “Os juros são determinados pelo investidor que empresta ao governo. O Banco Central pode reduzir os juros, mas o Tesouro pagará juros mais elevados para financiar sua dívida. O mercado exige prêmio de risco, e baixar os juros à força pode gerar pressão inflacionária.”

Retirada de Estrangeiros da Bolsa Brasileira “Os estrangeiros retiraram mais de R$ 40 bilhões da Bolsa no primeiro semestre. O olhar internacional mudou. Antes, havia expectativa de cortes de juros pelo Fed, mas agora a previsão é de um ou dois cortes. Isso limita a política monetária no Brasil.”

Revisão do Rating “A Fitch reafirmou o rating do Brasil, mas a crise pode afastar o País do grau de investimento. Sinais de controle de gasto e reformas podem ajudar, enquanto preocupações com a dinâmica fiscal podem atrasar esse processo.”

Possibilidade de Aumento dos Juros “O risco de aumento dos juros é maior do que há dois ou três meses. Não é meu cenário base, mas a probabilidade é maior. Nos próximos cinco meses, a chance de os juros subirem é maior do que de caírem.”

Mudança no Comando do BC “A transição no Banco Central pode trazer nova orientação de política monetária, gerando incerteza e prêmio de risco. O tempo dirá se haverá mudança.”

Sinais de Política Monetária “Ninguém sabe o futuro. O mercado se precave e reage a sinais, mas não temos bola de cristal.”

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