Kimia Yousofi foi anunciada nesta terça-feira (9) como uma das seis integrantes da equipe que representará o Afeganistão nas Olimpíadas de Paris. A velocista dos 100 metros expressou seu compromisso em representar os “sonhos e aspirações roubados” das mulheres afegãs, privadas do direito e da oportunidade de praticar esportes. Três anos após ter sido porta-bandeira de seu país na abertura dos Jogos de Tóquio, Yousofi falou sobre o significado dessa participação:
“Eu represento os sonhos e aspirações roubados dessas mulheres. Aquelas que não têm autoridade para tomar decisões como seres humanos livres estiveram ao meu lado nesta jornada e tornaram isso possível”, disse a velocista.
Desde que os talibãs retomaram o controle do país em agosto de 2021, as mulheres no Afeganistão foram privadas de direitos fundamentais, incluindo a prática esportiva e o acesso à educação. Muitos atletas, incluindo Yousofi, foram forçados a fugir para evitar perseguições. Atualmente baseada na Austrália, ela é treinada por John Quinn, que liderará a equipe do Afeganistão em Paris.
“É uma honra representar novamente as meninas da minha terra natal. Meninas e mulheres que foram privadas de direitos básicos, incluindo a educação, que é o mais importante”, afirmou a jovem de 28 anos através do Comitê Olímpico Australiano.
A equipe afegã para Paris é composta por três homens e três mulheres, que competirão no atletismo e no ciclismo feminino, além de atletismo, natação e judô masculino. Cinco dos seis atletas estão exilados, com apenas um judoca permanecendo no país.
Os atletas foram selecionados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em colaboração com o Comitê Olímpico Nacional do Afeganistão, que opera em grande parte no exílio. Yonus Popalzay, presidente do Comitê Olímpico do Afeganistão, expressou orgulho pela participação da equipe, enquanto o governo Talibã reiterou sua não reconhecimento às atletas femininas.
“Apenas três atletas representam o Afeganistão. Neste momento, os esportes femininos estão proibidos no Afeganistão. Se os esportes femininos não são praticados, como podem fazer parte da seleção nacional?”, questionou o porta-voz talibã do Ministério do Esporte, Atal Mashwani.