O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalmente tomou medidas para conter a crescente incerteza em relação à política econômica, evidenciada pelo aumento do dólar e dos juros.
A ação mais urgente cabia ao presidente da República: cessar as críticas recentes ao Banco Central, à política de juros, ao mercado financeiro e às medidas de contenção de gastos públicos.
Na quarta-feira (3), Lula adotou uma postura mais moderada, evitando comentários sobre o BC e o dólar. “Vou focar agora em questões como feijão e arroz”, afirmou antes de discursar sobre o lançamento do plano para a safra agrícola.
“Responsabilidade fiscal não é apenas uma palavra, mas um compromisso deste governo desde 2003. Vamos mantê-lo rigorosamente”, concluiu em seu pronunciamento.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que Lula reafirmou a necessidade de seguir as regras orçamentárias para reduzir o déficit do Tesouro para próximo de zero neste ano.
Haddad também anunciou que uma análise técnica recente identificou despesas indevidas de R$ 25,9 bilhões em benefícios sociais, que serão cortadas do Orçamento do próximo ano.
Essas medidas resultaram em certo alívio imediato, refletido nas cotações do dólar. Contudo, o conjunto de anúncios ainda é frágil.
Embora o contingenciamento emergencial de gastos seja positivo, as projeções governamentais para receitas e despesas, e consequentemente para o cumprimento da meta fiscal, estão seriamente comprometidas. Parece improvável que as medidas sejam suficientes neste momento.
O “corte” anunciado para 2025 ainda precisa ser confirmado como uma reavaliação real dos custos. A revisão dos benefícios sociais é bem-vinda, mas será ineficaz se não forem revistas as regras que levam ao aumento contínuo dos gastos obrigatórios.
As promessas de responsabilidade do presidente, contraditas por outras declarações e atos, não inspiram confiança. Lula continua governando como se tivesse os recursos abundantes de seus primeiros mandatos, o que já não é mais o caso.