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sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Após vitória estrondosa, Bardella declara: ‘Serei o primeiro-ministro de todos os franceses’

Por Marina B.

O Rassemblement National, partido de direita, obteve cerca de um terço dos votos na primeira volta das eleições legislativas francesas, mas isso pode não ser suficiente para conseguir a maioria absoluta na Assembleia Nacional.

Três semanas após a vitória esmagadora nas eleições europeias, o Rassemblement National (RN) consolidou sua posição como principal partido francês no domingo, obtendo um confortável primeiro lugar no primeiro turno das eleições legislativas antecipadas.

“Os franceses deram um veredito claro e confirmaram seu desejo de mudança, colocando os candidatos do Rassemblement National e seus aliados na liderança”, declarou Jordan Bardella, líder do RN, em seu discurso de vitória, pouco depois das 20:00 locais.

De acordo com uma pesquisa da Ipsos, o RN está a caminho de obter cerca de 33,2% dos votos a nível nacional, cinco pontos à frente da aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e impressionantes 12 pontos à frente da coalizão centrista Ensemble, do presidente francês Emmanuel Macron.

Se a votação for confirmada no segundo turno, no próximo domingo, o RN poderá conquistar entre 230 e 280 assentos na Assembleia Nacional – um grande aumento em relação aos 89 que tinha antes da dissolução da câmara, em 9 de junho, embora ainda possa não ser suficiente para alcançar a maioria, que exige 289 assentos.

O primeiro-ministro para todo o povo francês

O discurso de vitória de Bardella, de cinco minutos, foi feito no centro de Paris, diante de uma sala cheia de jornalistas de todo o mundo, sem a presença de responsáveis do RN para comentar os resultados ou apoiadores para aplaudir ou vaiar nos momentos adequados.

Bardella, com ar sério, prometeu ser “o primeiro-ministro de todo o povo francês”, “respeitador das oposições, aberto ao diálogo e sempre preocupado com a unidade do povo”.

“Sete dias nos separam agora de uma escolha histórica, e espero que este segundo turno da campanha ocorra num clima de calma, honestidade e respeito pelas instituições e regras democráticas de todos os franceses”, afirmou.

No entanto, ele não deixou de criticar a esquerda e o centro.

“É evidente que, considerando os resultados, o campo presidencial, amplamente desonrado, já não está em condições de vencer”, afirmou. A coalizão centrista de Macron parece estar prestes a perder até 180 assentos, mantendo apenas 70.

A Nova Frente Popular, de esquerda, foi classificada como “a aliança do pior” e, no poder, “levaria à desordem, à insurreição e à ruína da nossa economia”.

Jean-Luc Mélenchon, líder do partido La France Insoumise, foi o único adversário mencionado, uma honra que nem mesmo Macron teve.

“O Sr. Mélenchon e seus aliados estão colocando nossa nação em perigo existencial”, afirmou Bardella, argumentando que “a perigosa esquerda” apresentou candidatos que estão na lista de vigilância do terrorismo do país, que planejam “desarmar a polícia”, “abrir as portas à imigração” e abolir uma lei contra o separatismo islâmico.

Em contrapartida, Bardella apresentou seu partido como uma “aliança sem precedentes, motivada pelo interesse nacional”, prometendo aos franceses que, se nomeado primeiro-ministro, seria o “garantidor dos seus direitos, das suas liberdades e do nosso lema republicano, aquele que une todo o povo francês na mesma promessa de liberdade, igualdade e fraternidade”.

Suas prioridades incluem o aumento do poder de compra, o restabelecimento da ordem e segurança, e “o controle da nossa política de migração”.

“Retirada republicana” organiza-se contra o RN

O discurso solene de Bardella contrastou com o de Marine Le Pen, ex-líder do partido e presidente do seu grupo na Assembleia Nacional, que discursou diante de várias centenas de apoiadores que agitavam bandeiras em seu reduto em Hénin-Beaumont, cerca de duas horas ao norte de Paris.

Eles aplaudiram quando ela afirmou que os resultados do partido praticamente “aniquilaram o bloco macronista” e quando anunciou que já havia garantido seu assento, evitando a necessidade de um segundo turno. Eles vaiaram ao mencionar a coalizão de esquerda ou ao pronunciar o nome de Mélenchon.

Tanto Le Pen quanto Bardella sublinharam a necessidade de a votação ser confirmada e reforçada, para que possam governar sem depender de acordos parlamentares com a oposição.

“Quero expressar minha gratidão (aos eleitores do RN) e apelo para que permaneçam mobilizados em um esforço final no domingo, 7 de julho. O voto que depositarão no próximo domingo é um dos mais decisivos da história da Quinta República”, afirmou Bardella.

Le Pen, por sua vez, alertou que “sem uma maioria clara, haverá sempre algumas velhas rixas, inércias programadas e truques sujos para impedir a verdadeira mudança que o país precisa urgentemente”.

“Ao votarem nos candidatos do Rassemblement National, farão com que, na unidade e fraternidade, o país reencontre a energia para se tornar um só. Nestes dias que se avizinham, tenham cuidado com aqueles que, recorrendo ao medo injustificado ou a ameaças inventadas, apenas desejam perpetuar um sistema que falhou e continuou”, prosseguiu.

Mas o caminho para uma maioria absoluta do partido de direita será provavelmente dificultado pela chamada “retirada republicana” que os partidos de esquerda estão coordenando.

Nos círculos eleitorais onde três candidatos se qualificaram para o segundo turno ao obterem mais de 12,5% dos votos – que o instituto de sondagens Ipsos estimou em cerca de 250 – os partidos de esquerda afirmaram que retirariam seu candidato se este estivesse em terceiro lugar, para não dividir os votos anti-RN.

Uma estratégia que Macron parece ter adotado.

“Diante do Rassemblement National, chegou a hora de uma união ampla, claramente democrática e republicana para a segunda volta”, defendeu Macron em uma declaração.

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