As menções à corrupção no governo Lula têm disparado nas redes sociais. Este ano, as publicações sobre o tema já aumentaram 97,3% em relação ao ano passado, conforme dados da AP Exata Inteligência Digital. Como ainda estamos em junho, se o governo não atentar a essa narrativa, corre o risco de tornar a corrupção novamente o principal tópico das discussões sobre a gestão federal.
Na última eleição presidencial, a corrupção foi o maior obstáculo para o crescimento do PT, sendo o foco dos ataques da militância da direita contra o então candidato Lula.
Apesar de sua relevância, o tema acabou sendo ofuscado por preocupações mais imediatas com a economia, especialmente a inflação, e pela campanha bem-sucedida da esquerda, que colocou a defesa da democracia como um agregador de votos. Isso atraiu muitos eleitores de centro, que, embora desconfiados do PT, acabaram escolhendo o candidato do partido.
No entanto, os dados mostram que o assunto voltou com força, tornando-se um grande desafio para o governo Lula. A narrativa ganhou força especialmente com a crise do arroz, que reacendeu discussões sobre a integridade do governo após uma licitação que virou escândalo político e foi anulada.
Informações de que algumas empresas vencedoras da concorrência não tinham capacidade técnica e financeira para a entrega de centenas de milhares de toneladas de arroz ofuscaram o discurso de que o governo agiu para impedir a alta dos preços do alimento, após as fortes chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul, um dos estados-chave no cultivo de arroz no Brasil.
Alegações de superfaturamento e favorecimento de empresas ligadas a políticos desencadearam uma onda de indignação nas redes sociais. Além disso, outro escândalo – o indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pela Polícia Federal, por suspeitas de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e fraude em licitação – intensificou as críticas, especialmente após Lula defender seu ministro.
Em 2023, as menções sobre corrupção relacionadas ao governo Lula já eram significativas, com cerca de 598 mil publicações ao longo do ano, segundo uma amostra de dados do X, geolocalizadas em 145 cidades do País. Em 2024, esse volume já é de cerca de 1,18 milhão de menções.
As redes sociais têm desempenhado um papel fundamental na amplificação dessas discussões, refletindo as preocupações e insatisfações da população, que exige maior transparência e integridade.
Se o governo não demonstrar um firme compromisso com a retidão e a responsabilidade no uso dos recursos públicos, sua imagem poderá ficar seriamente comprometida. Sem agir nessa direção, a administração corre o risco de se tornar sinônimo de escândalos e má gestão, o que pode ter consequências devastadoras e repetir um cenário que o Brasil já vivenciou e que, certamente, não quer reviver.
