A chegada recente de quatro navios de guerra russos a Cuba em 12 de junho ganhou destaque internacional, interpretada por muitos como uma resposta direta de Vladimir Putin ao aumento da assistência militar dos Estados Unidos à Ucrânia. No entanto, por trás dessa movimentação, pode haver um motivo adicional de apoio simbólico ao regime cubano em meio a uma grave crise econômica e social.
Nos últimos meses, Cuba tem enfrentado protestos de rua devido à escassez de alimentos e à falta de eletricidade, exacerbando a pior crise econômica desde a Revolução Cubana de 1959. Carmelo Mesa Lago, renomado economista cubano, descreve a situação como “pior do que nunca”, com uma queda significativa na produção industrial e nas exportações, além de uma inflação real que se aproxima de 1.000% ao ano, muito superior às estatísticas oficiais.
A raiz do desastre econômico cubano reside na severa limitação do setor privado, ao contrário de outros países comunistas como China e Vietnã, que permitiram mais liberdade econômica. Enquanto esses países prosperaram ao permitir a autonomia dos produtores agrícolas, Cuba mantém um controle estatal rígido sobre a produção e distribuição de alimentos, dependendo cada vez menos do apoio estrangeiro, como o fornecimento de petróleo subsidiado pela Venezuela.
Diante deste cenário, o regime cubano recentemente concedeu poderes extraordinários às suas forças armadas para declararem “zonas de interesse militar”, preparando-se possivelmente para enfrentar novos protestos e explosões sociais, como as ocorridas em 2021. A chegada dos navios de guerra russos pode ser vista como um gesto de força para conter potenciais distúrbios internos, demonstrando uma estratégia de militarização das instituições cubanas em um momento de crescente tensão social.
Com a possibilidade de um novo verão marcado por agitações populares, o regime cubano parece estar se preparando para enfrentar desafios internos significativos, potencialmente usando demonstrações de força externa para reforçar sua autoridade interna.