Após uma década desde que o Estado Islâmico (ISIS) assumiu o controle de Mosul, no Iraque, os cristãos que enfrentaram intensa perseguição estão finalmente retornando às suas igrejas. Mais de 13 mil famílias cristãs fugiram para a região autônoma do Curdistão no Iraque para escapar da brutalidade do ISIS, revelou o arcebispo Bashar Warda de Erbil.
Mosul foi libertada em 2017, após um conflito que deixou grande parte da cidade em ruínas. Nos últimos 10 anos desde a invasão do ISIS, cerca de 9.000 famílias retornaram às Planícies de Nínive, graças ao apoio internacional que possibilitou a reconstrução de suas casas, compartilhou Warda com a Aid to the Church in Need (ACN). As igrejas estão novamente cheias, apesar das lembranças dolorosas e aterrorizantes que persistem. Pelo menos as famílias cristãs agora podem começar a reconstruir seu futuro.
Recentemente, uma igreja histórica na cidade, anteriormente ocupada pelo Estado Islâmico em 2014 e usada como centro de atividades extremistas, foi reaberta em 5 de abril deste ano. A celebração foi conduzida por Lois Raphael Sako, que enfrentou perseguição das autoridades iraquianas em 2023. Mais de 300 pessoas, incluindo cristãos, muçulmanos e iazidis, participaram do culto de reabertura.
“Segundo a vontade de Deus, a vida está retornando ao que era em Mosul e as famílias cristãs estão voltando”, disse um dos participantes do culto à Portas Abertas. No entanto, apesar dos avanços, Warda destacou que “a pressão de ser uma minoria é real”, levando muitos cristãos a deixar o Iraque e outros a planejar o mesmo. Os jovens necessitam de ajuda para encontrar emprego. “Eles pedem empregos, não apenas doações”, destacou o líder, expressando esperança de que o governo do Reino Unido continue a lembrar aos políticos iraquianos a importância de cuidar das minorias.
A International Christian Concern (ICC) observou que aproximadamente 50 famílias cristãs estão atualmente residindo em Mosul. Um funcionário da ICC enfatizou que os cristãos têm um papel crucial na reconstrução da cidade. “Mosul precisa desesperadamente de cristãos que possam contribuir para sua reconstrução e promover a paz na ampla região de Nínive”, afirmou. “A cidade está pronta para novos começos, e os cristãos têm a oportunidade de fazer isso com um sentimento renovado de liberdade e segurança que não existia há mais de duas décadas”, concluiu.
