Menos de sessenta minutos após a divulgação dos primeiros resultados das eleições europeias, que confirmaram a vitória da direita francesa no pleito, Macron fez uma breve declaração na televisão. “Não posso agir como se nada tivesse acontecido”, afirmou o presidente.
“Assinarei o decreto para convocar as eleições legislativas, que serão realizadas em 30 de junho para o primeiro turno e em 7 de julho para o segundo”, declarou o chefe de Estado.
“Esta é uma decisão séria e crucial, mas, acima de tudo, é um ato de confiança”, enfatizou, expressando sua “confiança (…) na capacidade do povo francês de fazer a escolha certa para si e para as gerações futuras”.
O presidente acrescentou que a França “necessita de uma maioria clara para agir com serenidade e harmonia” e destacou que havia “ouvido” a mensagem dos franceses e suas preocupações. “Não os deixarei sem resposta”, assegurou Macron, afirmando que o resultado das eleições europeias “não é favorável para os partidos que defendem a Europa”.
Direita francesa conquista quase um terço dos votos O partido de direita francês Rassemblement National (RN, Reunião Nacional) conquistou neste domingo (9) quase um terço dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu e se posiciona bem à frente da aliança centrista do presidente Emmanuel Macron.
Aos 28 anos, o candidato de direita Jordan Bardella obteve entre 31,5% e 32,4% dos votos, segundo estimativas dos institutos Ifop e Ipsos. O resultado é praticamente o dobro do alcançado por Valérie Hayer, candidata do partido de Macron, com cerca de 15,2% dos votos, seguida de perto pelos socialistas, com aproximadamente 14% dos votos. Com o resultado, a direita francesa terá entre 29 e 30 cadeiras no Parlamento Europeu.
“Essa mensagem clara dirigida a Emmanuel Macron e aos europeus demonstra a determinação do nosso país em ver a União Europeia mudar de rumo”, disse Bardella em um discurso logo após a divulgação dos primeiros resultados.
Marine Le Pen se diz disposta a “reerguer a França”.
Logo após o anúncio de Macron, Marine Le Pen reagiu à decisão de dissolver a Assembleia Nacional. “Quando o povo vota, o povo ganha”, disse a líder da direita. “Felicito essa decisão” de Macron, completou, lembrando que desde as eleições de 2022 seu partido já representa “a grande força de alternância” no país. “Estamos prontos a defender os interesses dos franceses, reerguer o país e revigorar a França”, declarou, em referência às eleições legislativas antecipadas.
Aproximadamente 370 milhões de europeus foram convocados para eleger um novo Parlamento Europeu, em um pleito que durou vários dias e terminou neste domingo (9). Uma possível mudança no equilíbrio político do bloco, com um aumento da presença da direita na instituição, vinha sendo sinalizada desde o início da campanha.
A votação para eleger 720 membros do Parlamento Europeu, foi realizada em um contexto de preocupações econômicas e geopolíticas, em um momento em que o bloco enfrenta grandes desafios estratégicos diante da China e dos Estados Unidos, e tenta conter a intensificação da guerra na Ucrânia, que faz fronteira com países da UE.