O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou ter sido abordado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar do conselho da Braskem, uma empresa petroquímica controlada pela Novonor (anteriormente Odebrecht), com a Petrobras como parceira. Em uma entrevista à Bloomberg publicada na segunda-feira (3), Mantega afirmou que aceitará a posição se sua nomeação receber o aval dos acionistas.
“Fui sondado pela Casa Civil e estou disponível”, afirmou. “Se os acionistas e a assembleia assim decidirem, então assumirei o cargo no conselho da Braskem.” De acordo com a Bloomberg, a Braskem optou por não comentar as declarações do ex-ministro. A Casa Civil não respondeu.
A Novonor tem negociado desde o ano passado a venda de 50,1% de sua participação na empresa, enquanto a Petrobras detém 47%.
Logo após a divulgação da entrevista, as ações da Braskem, que haviam subido durante a manhã, começaram a cair e fecharam com uma queda de 1,42%.
No início do ano, o governo tentou indicar o ex-ministro para a presidência da Vale, mas acabou recuando. A notícia de sua possível nomeação para um cargo de destaque na empresa afetou o desempenho das ações da mineradora e preocupou acionistas independentes e estrangeiros, segundo um assessor do presidente, o que impossibilitou a operação planejada pelo governo.
Naquela época, Lula recebeu feedback de que a interferência na Vale poderia prejudicar a imagem do país perante investidores locais e estrangeiros. Foi avaliado também que houve uma série de notícias econômicas negativas para o mercado, como o anúncio do plano de política industrial e a retomada das obras da refinaria Abreu e Lima, um dos focos de corrupção investigados na Operação Lava Jato, que contribuíram para minar a nomeação.
Em março, o conselho de administração da Vale decidiu estender o contrato do CEO, Eduardo Bartolomeo, até 31 de dezembro de 2024. Seu mandato originalmente terminaria em maio. Até o final do ano, uma empresa de recursos humanos elaborará uma lista tríplice de sucessores, e Bartolomeo ajudará na escolha. Ele também facilitará a transição de sua posição até março do próximo ano e permanecerá como consultor até 31 de dezembro de 2025.
Mantega é um aliado de longa data do presidente Lula. Ele foi ministro do Planejamento no primeiro mandato do petista, de 2003 a 2004, e depois assumiu a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) até 2006, quando foi promovido a ministro da Fazenda. Ele foi o ministro da Fazenda com mais tempo de serviço, permanecendo no cargo até o fim do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2014.
