Hoje, um dos principais intermediários entre o Congresso e o Palácio do Planalto, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) já expressou diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva suas preocupações sobre os problemas de articulação política do governo no Legislativo.
Em março, durante um encontro descontraído no Palácio do Alvorada com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e líderes aliados, Alcolumbre ressaltou ao presidente, a importância de aprimorar o diálogo com a base governista e receber deputados e senadores em seu gabinete de forma mais acessível.
“Não podemos deixar parlamentares esperando por horas na antessala para falar com o senhor ou com os ministros”, argumentou Alcolumbre a Lula, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e é pré-candidato à presidência da Casa nas eleições de fevereiro de 2025.
Alcolumbre, ao discutir com aliados sobre as deficiências na articulação política do governo, considera que Lula está perdendo oportunidades de ampliar a base ao não buscar uma maior aproximação, por exemplo, com a bancada do PSD, a maior do Senado, composta por 15 integrantes, incluindo Pacheco, o atual presidente da Casa.
Desde o encontro no Alvorada em março, apenas Gleisi Hoffmann e Rogério Carvalho, ambos petistas, conseguiram agendar audiências individuais na agenda oficial do presidente da República, conforme mostrado pelo Radar.
Não surpreendentemente, Alcolumbre tornou-se presença frequente em reuniões do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), com as bancadas. Ele até tem o poder de negociar acordos, sempre em coordenação com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para persuadir parlamentares em votações de interesse do Planalto.
Como um interlocutor constante na Esplanada, o senador do Amapá compartilha informações sobre o ambiente político no Legislativo com ministros como Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional). Ele também transmite demandas de senadores e cobra maior consideração para os parlamentares que se queixam de não receber atenção adequada, tanto em Brasília quanto em seus estados.
Na quarta-feira, do plenário da Câmara, Alcolumbre tranquilizou alguns ministros por telefone, garantindo que o Congresso aprovaria, como de fato aprovou, a abertura de 4,8 bilhões de reais em créditos suplementares para ministérios como Saúde, Integração e Desenvolvimento Regional, Agricultura, Defesa e Educação.