Mais de 150 membros da comunidade evangélica nos municípios de Coamila e Rancho Nuevo, localizados no estado de Hidalgo, no México, foram obrigados a deixar suas residências e agora denunciam que as autoridades locais estão exercendo pressão sobre eles para assinar um acordo ilegal.
O pastor Rogelio Hernández Baltazar e o líder religioso Nicolás Hernández Solórzano explicaram em uma recente coletiva de imprensa que este acordo proposto permitiria que as autoridades responsáveis pelo deslocamento imponham multas de 150.000 pesos mexicanos (aproximadamente 8.327 euros) às vítimas. Além disso, o acordo impede o retorno de três famílias e condiciona o retorno de outras famílias a restrições severas à liberdade religiosa que enfrentam desde 2016.
Anna Lee Stangl, chefe de defesa de direitos da CSW, criticou fortemente a posição do governo municipal, afirmando que “a postura das autoridades municipais é indefensável”. Segundo Stangl, ao promoverem este acordo ilegal, as autoridades estão se tornando cúmplices de violações flagrantes e contínuas da liberdade de religião ou crença em Coamila e Rancho Nuevo, o que é inaceitável em uma democracia como o México.
De acordo com o Evangelical Focus, os evangélicos têm sido alvo de assédio e ataques por mais de um mês. Em 26 de abril, foram obrigados a deixar suas casas depois que os líderes da aldeia cortaram a eletricidade. Além disso, os habitantes de Coamila e Rancho Nuevo vandalizaram e bloquearam o acesso à igreja batista Fundamental La Gran Comisión, frequentada pelos evangélicos deslocados, e a algumas de suas casas. Hernández Baltazar afirmou que eles não aceitarão o acordo, pois viola as proteções dos direitos humanos previstas na legislação mexicana.
Ele também se queixou de que a ajuda inicial fornecida era insuficiente para atender às suas necessidades e que o governo local parou de fornecer alimentos e água ao grupo, que inclui 75 crianças. Após o deslocamento forçado, os evangélicos foram inicialmente abrigados no prédio da Prefeitura Municipal, mas logo foram transferidos para outro local, onde receberam ajuda humanitária e alimentos de outras igrejas locais.
Em dezembro de 2022, um membro da igreja foi hospitalizado em estado crítico após ser amarrado a uma árvore e espancado pelos líderes da aldeia, de acordo com um relatório anterior da CSW. Relatos da mídia internacional indicam que alguns membros da comunidade enfrentaram detenções arbitrárias, espancamentos, recusa de cuidados médicos, demissões de empregos, bloqueio de acesso a cemitérios e confisco de terras. Desde 2018, as crianças de minorias religiosas foram proibidas de frequentar a escola local. A Open Doors USA destacou a violência dos cartéis de drogas, práticas católicas tradicionalistas e a discriminação por grupos anticristãos como fatores que aumentaram a perseguição no México, levando o país a ser atualizado na Lista Mundial de Vigilância de 2024.